Aprendiz de confeiteiro
À espreita na cozinha, João Vitor observa a mãe e a avó preparando o brigadeiro na panela. A guloseima irá cobrir cupcakes e tortas - doces famosos na casa do bairro Logradouro, uma das comunidades mais pobres de Guaíba, na Região Metropolitana. Para ajudar a família, de renda limitada ao aluguel de duas peças no terreno onde vive, o menino de 11 anos chegou a se oferecer como auxiliar na venda de bombons caseiros.
Foi ao observar o trabalho das duas mulheres que ele cultivou o sonho de se tornar confeiteiro. Faltava, no entanto, o básico para iniciar a profissão: dinheiro para se especializar, vestimentas e utensílios de um chef. Faltava.
Manifestado em uma cartinha ao Papai Noel, o pedido chegou às mãos de uma professora de gastronomia.
- Eu peguei três cartinhas sem ler antes. Foi coisa do destino - justifica a confeiteira Valéria Carvalho, 44 anos.
Instrutora em cursos de confeitaria e panificação, Valéria ofereceu lições de forma gratuita, além de doar o avental, a touca e alguns dos itens necessários para o preparo dos doces. Em frente ao Café e Bistrô da Praça, no centro da cidade, os dois começaram uma amizade.
João Vitor explica ter aprendido a esticar a massa, a assar pão de ló e a montar camadas de bolos, modelar pastéis e palmier - massa folhada também conhecida como orelha de macaco.
Confiante, contou também que a noite de Natal teve uma receita sua:
- Fiz uma torta coberta com papel de arroz da Mulher-Maravilha e rosas. A massa foi de chocolate com brigadeiro e morango.
-Eu sonho com ele dono de uma confeitaria - diz a mãe, Tatiane Silveira Canut, 40 anos.
TIAGO BOFF
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