segunda-feira, 3 de julho de 2023


03 DE JULHO DE 2023
INFORME ESPECIAL

Monstrinhos do bem

O projeto Adopt Monster, criado pela publicitária Juliana Marques (foto), 49 anos, já ajudou a castrar mais de mil animais com a venda de monstrinhos produzidos com material reciclado. Foi passeando por Paris que Juliana encontrou um livro "faça você mesmo" que mudou sua vida - e de vários pets. Em 2011, em um momento de tédio, a ativista encontrou novamente o livro que ensinava a confeccionar monstros de meia. Colocou a mão na massa, produzindo logo 10 peças. Um amigo a encorajou produzir mais monstrengos e uma frase acabou por chancelar de vez a ideia: adote um monstrinho e ajude um gatinho.

Pelo Facebook, Juliana vendeu a primeira produção inteira em três horas. A segunda leva também esgotou rápido. Desde então, ela doa todo o valor arrecadado para castrar animais:

- O monstrinho é uma moeda de troca. A missão dele é passar a mensagem adiante - conta.

Em 12 anos de projeto, já vendeu os bichinhos feitos de restos de tecidos, meias e travesseiros em feiras de Porto Alegre e também da França. Por isso, nas redes sociais o projeto é bilíngue, em português e francês. Vendidos a 20 euros, castram até dois gatos. No Brasil, a R$ 40, financiam metade do procedimento. A castração é importante para o controle populacional e evitar zoonoses.

Mais informações de como ajudar, pelo Instagram @adoptmonsterofficial ou pelo Facebook, onde é possível acompanhar a agenda de eventos que o projeto participa.

Colaborou Raíssa de Avila

A simbologia histórica de uma imagem

Impossível deixar passar batido. Seria apenas mais uma recepção oficial, como tantas outras que já ocorreram no Palácio Piratini, não fosse um "pequeno grande" detalhe. Pela primeira vez na história do Rio Grande do Sul, um Estado conhecido pelo conservadorismo e pelo apego às tradições, um governador recebeu, ao lado do namorado, um presidente da República (foto).

Eduardo Leite, que já havia rompido preconceitos ao fazer uma declaração de amor a Thalis Bolzan quando assumiu o cargo, em janeiro deste ano, deu mais um passo na longa caminhada coletiva pela aceitação da diversidade. E na sexta-feira fez isso, mais uma vez, de forma natural, como se nada fosse.

Foi muito. Foi simbólico.

Não entro aqui no mérito da gestão estadual, nem em uma discussão sobre políticas públicas e muito menos nas brigas ideológicas que nos últimos anos vêm dividindo o país. Ao receber o presidente Lula e a primeira-dama Janja com Thalis ao seu lado, Leite dá um recado.

Aliás, dois. Um deles é: amor é amor. Simples assim. O outro recado fala de representatividade. Se um governador pode apresentar seu companheiro em uma recepção presidencial, Carla, Flávio, Gabriella, Clarice, Dudu, Fernando, Carlos, Luan, Diego, Carolina, Cadu, Maicon e Simone - aqui vai uma singela homenagem a alguns amigos - também podem, em qualquer circunstância.

Na semana em que se celebrou o Dia Internacional do Orgulho LGBT+, essa fotografia é, sim, uma imagem para não esquecermos, independentemente da posição política de cada um.

Desfecho pedagógico

Como era esperado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, na sexta-feira, tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível pelos próximos oito anos. O desfecho contra Bolsonaro - que ainda pode recorrer, mas dificilmente conseguirá reverter o resultado - é pedagógico.

Ao condenar o ex-mandatário por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, a maioria dos magistrados enviou um recado claro à sociedade e à classe política: quem propaga mentiras não está livre da lei, mesmo que ocupe o cargo máximo da nação.

Bolsonaro levantou, sem provas, suspeitas sobre o sistema de votação no Brasil, atacou a urna eletrônica - que em 26 anos nunca teve uma fraude comprovada - e atingiu em cheio a Justiça Eleitoral, um dos órgãos mais respeitados do país. Fez isso durante uma reunião com embaixadores no Palácio do Alvorada, em um evento transmitido em rede nacional. E mais: às vésperas do pleito de 2022, com a clara intenção de conturbar o processo e, desde sempre, lançar ao vento teorias da conspiração sobre o resultado futuro.

A ministra Cármen Lúcia foi didática em seu voto:

- A crítica feita ao Poder Judiciário, e a crítica a nós juízes, e a todo servidor público, acontece, e aí posso falar de cátedra, porque nos últimos tempos nós temos sido fustigados por críticas, e faz parte. O que não pode é um servidor público, no espaço público, no equipamento público, com divulgação pela EBC e por redes sociais oficiais, fazer achaques a ministros do Supremo, como se não estivesse atingindo a própria instituição, e não há democracia sem Poder Judiciário independente. A alegação feita, sem que houvesse provas, não tinha razão de ser a não ser, efetivamente, desqualificar a própria Justiça Eleitoral e o próprio Poder Judiciário e, com isso, atacar a democracia.

A reunião de Bolsonaro com representantes diplomáticos, como já havia concluído o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, "teve finalidade eleitoral, mirando influenciar o eleitorado e a opinião pública nacional e internacional". Gonçalves disse que "não é possível fechar os olhos para os efeitos de discursos antidemocráticos". Também não é mais possível normalizar as fake news.

Postais do mundo todo

Que tal receber cartões-postais impressos de várias partes do mundo, de gente que você nem conhece? E também enviar. Mesmo em plena era digital, é o que fazem mais de 800 mil usuários do site Postcrossing. Os aficionados por esse hobby também costumam promover encontros presenciais, chamados "meet ups". O mais recente foi no último dia 24. Aconteceu em seis cidades do Brasil, inclusive Porto Alegre, quando 11 "postcrossers" gaúchos se reuniram para confraternizar e confeccionar um postal com a temática junina.

Tudo começa quando o interessado se cadastra no site. São gerados aleatoriamente endereços, ao redor do mundo, para o novo participante enviar postais pelos serviços de correios. Em seguida, começa a receber também de outras pessoas que compartilham da mesma paixão. O encontro de Porto Alegre foi organizado pela professora Carla Cristina Albuquerque (foto), 50 anos.

- É muito legal receber postais de várias partes do mundo - diz Carla.

JULIANA BUBLITZ

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