Trajetória secular de uma dinastia
Detalhe da capa do livro REPRODUÇÃO/JC Tuiatã (Libretos, 560 páginas, R$ 58,00) é o nono livro e o terceiro romance da socióloga, advogada e professora pelotense Hilda Simões Lopes. O alentado romance histórico, verdadeiro tour de force da escritora, premiada com o Açorianos pelo romance A superfície das águas, é a trajetória secular de uma dinastia, a história verídica de uma família em terra ocupada a casco de cavalo, carabinas e madressilvas.
Tudo começou no encontro de um dragão oficial da corte com a cigana expulsa de Portugal. Ele, a serviço dEl Rei para pôr ordem nas terras brasileiras do Sul; e ela, filha de um povo perseguido em 1720, se apaixonam. Para viver o grande amor sofrido e genuíno, construir uma família e encontrar a paz, é preciso fugir. É o que fazem. No cenário da história do Brasil e do Rio Grande do Sul, a narrativa envolvente traz guerras, revoluções, fugas, paixões, festas, homens corajosos e mulheres fortes.
Hilda recebeu fotografias, cartas, diários e poesias de parentes, e foi o relicário e a narradora da secular e fantástica história. O bisavô de Hilda, seminarista, revolucionário, amante de bons livros e boa música, pai de 22 filhos de dois casamentos e de nove fora deles - se agigantou no trabalho de três anos e meio da autora. Ele foi pobre, depois riquíssimo charqueador, visconde que odiava a ostentação e o culto das aparências.
Líder político, no fim sonhava com um cantinho ignorado, onde pudesse viver em paz e simplicidade. Tabajara Ruas prefaciou: "na tradição rio-grandense dos grandes romances históricos Hilda Simões Lopes escreve o seu, e torna mais doce nossa dura fortaleza de palavras". Na introdução, diz Hilda: "Este livro não me pertence, nem à minha família. Pertence a seus leitores. Todos vão encontrar aqui as tonalidades e as vibrações, os encontros e desencontros, as palavras e os silêncios de suas próprias famílias. Afinal, o barro é o mesmo.
E os pássaros também são os mesmos. Talvez a diferença seja individual. Alguns olham o barro, outros buscam o Tuiatã". Tuiatã, pássaro-símbolo da família de Hilda, com seu canto matinal e sua presença constante junto ao ninho, em defesa dos seus, era, segundo o avô, o pássaro diferente dos outros e, sobretudo, das pessoas.
Não usava o seu melhor para se exibir, o seu melhor era para cantar o sublime e celebrar o belo. Em meio a igrejinhas, Hilda construiu uma catedral, onde canta discretamente o Tuiatã, que lhe deu o melhor título possível.
lançamentos
Dueto - a dois é sempre melhor (Farol Editores, 108 páginas), dos jornalistas Indaiá Dillenburg e Flávio Dutra (autor de Crônicas da mesa ao lado), tem crônicas sobre amor, trabalho, Fanta Uva e berinjela, homens, mulheres, fitness e outras relevâncias cotidianas. Morganah Marcon prefaciou: "Indaiá escreve com o coração, descreve o cotidiano com leveza e humor". Dilan Camargo prefaciou: "Flávio transita com sutileza e elegância através da clássica herança da melhor prosa brasileira".
A Busca (Oikos Editora, 208 páginas), do professor Paulo Centeno Ribeiro, o professor Paulo, que muito cedo perdeu a visão, relata uma jornada na busca por diminuir a distância entre o céu e a terra, em comunhão harmônica com tudo e todos. Ser cego não o privou de ser bom pai, marido, professor e homem. O caminho vai do limitado ao ilimitado, do humano ao divino, do fragmentado dual à unidade.
É o longo caminho a ser palmilhado e processado rumo à volta da casa do Pai. Para amar Graciliano - Como descobrir e apreciar os aspectos mais inovadores de sua obra (Faro Editorial, 172 páginas), de Ivan Marques, professor de Literatura Brasileira da USP, mostra como ler melhor Graciliano Ramos, um de nossos maiores autores, apontando a profundidade psicológica dos bem construídos personagens e as técnicas de romance moderno, bem como o tratamento de temas como a angústia, a incomunicabilidade e a loucura. -
Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/10/colunas/livros/592680-trajetoria-secular-de-uma-dinastia.html)
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