segunda-feira, 9 de outubro de 2017




09 DE OUTUBRO DE 2017
CÍNTIA MOSCOVICH

CENTAURO, PEDRA, ROSA E ESTRELA

Depois de, em 2015, ter sido cancelada por falta de verbas, a Jornada Nacional de Literatura, voltou, nesse inicinho de outubro, a ser montada no campus da UPF, causando uma simpaticíssima agitação em Passo Fundo - e eu estava lá.

Coordenada pelos professores Miguel Rettenmaier e Fabiane Verardi Burlamaque, a Jornada foi adequada aos novos e bicudos tempos. Marcada por um processo de descentralização, chamada de "jornalização", ocupação de espaços públicos com projetos de incentivo à leitura, não é exagero dizer que a cidade virou extensão da tradicional estrutura em forma de lona de circo. 

Vários bares viraram ponto para os encontros do Leituras Boêmias - até o reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, prestigiou a noite jornalizada - e avenidas receberam apresentações diversas. Sob a lona, a coordenação das mesas foi atribuída à poeta e contista Alice Ruiz, ao também poeta, professor da USP (e ex-editor da saudosa Cosac Naify) Augusto Massi e ao jornalista, escritor e (belo) cronista Felipe Pena, mestres de cerimônias modelo "de luxe".

Já à chegada, os participantes eram mimados com reproduções do trabalho da passo-fundense Miriam Postal, além de receber o troféu Roseli Doleski Pretto, em homenagem a outra conhecida artista, já falecida.

Nossa mesa, na quarta-feira, 4, se ocupava dos homenageados desta edição: Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Moacyr Scliar. A mim, tocou-me a generosa e triste missão de relembrar nosso Scliar, enquanto que a Bráulio Tavares coube representar Suassuna, à querida Nádia Battela Gotlib cumpria falar sobre Clarice, e a Ricardo Silvestrin, que substituía Affonso Romano de Sant?Anna, competia defender Drummond. Houve a apresentação do espetáculo Não me Toque, Estou Cheia de Lágrimas, do GEDA Cia de Dança Contemporânea.

Com público formado em sua maioria por professores e estudantes, é bastante comum que as mesas da Jornada tenham o mesmo tom emotivo e quase familiar que teve nossa mesa naquela quartafeira - lida-se com tanto respeito com uma matéria tão amada, os livros, que Passo Fundo pode já se orgulhar do título de Capital Nacional da Literatura.

CÍNTIA MOSCOVICH

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