domingo, 15 de outubro de 2017

15/10/2017 02h00
vinicius torres freire

A miséria da educação em 2018


Apu Gomes - 18.ago.2011/Folhapress
ORG XMIT: AGEN1108191258132712 SO PAULO, SP, BRASIL, 19-08-2011, 07h00: GOVERNO LOTA SALAS DE AULAS. Alunos da 5 serie em aula de Portugues na Escola Estadual Washington Alves Natel, no Parque Residencial Cocaia, na zona sul de Sao Paulo, escola superlotada, com uma media de 45 alunos por sala de aula. Escolas Estaduais de Sao Paulo possuem mais alunos em sala de aula que o recomendado MEC. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Cotidiano ) *** EXCLUSIVO***
Alunos têm aula de português em sala de aula lotada, na zona sul de São Paulo

Cientistas e professores de universidades federais dizem que seus laboratórios e escolas estão depenados e vão fechar, por falta de dinheiro. Fizeram alguns protestos por aí, mas foram mais desprezados do que de hábito, pois o universo das pessoas em tese menos iletradas do Brasil estava envolvido na querela do homem pelado no museu e outros debates indecentes. 

O orçamento federal para a ciência pode ter um corte de até 40% no ano que vem. A despesa prevista para a educação não terá destino muito melhor. O Orçamento do governo federal começa a implodir em 2018. Sem reformas e impostos, haverá ainda mais pressão pela derrubada do teto de gastos ou pela cobrança de mensalidades nas universidades. Tenso. 

Antes de descrever tristezas, é preciso lembrar que o projeto de Orçamento federal para 2018 é ainda mais fictício que o de costume. Será remendado, pois a meta de deficit e as receitas serão muito revisadas. 

Isto posto, a despesa prevista para a educação cai mais de 3% de 2017 para 2018 (comparadas as previsões orçamentárias), sem levar em conta a inflação. Na prática, é uma redução real de uns 7%.
A despesa com salários e aposentadorias dos servidores federais da educação vai aumentar 7,5%. As demais caem quase 15%. A rubrica relevante que mais perde é a de educação básica. Mais da metade do orçamento do Ministério da Educação vai para o ensino superior. 

Como já deveria ser evidente, o Orçamento do governo está sendo comido por despesas com Previdência e com servidores (aposentadorias, pensões e salários). As despesas federais não podem crescer mais do que a inflação: em termos reais, estão congeladas. O bolo fica, pois, do mesmo tamanho. É o chamado teto. Se algum gasto cresce, os demais devem encolher. É o que está acontecendo com o investimento "em obras" e com as de ciência e tecnologia. 

O orçamento previsto para a educação federal é de R$ 104,3 bilhões em 2018. Descontadas as despesas com pessoal, sobram R$ 44,4 bilhões. No restante do governo, apenas a despesa com benefícios previdenciários deve crescer uns R$ 30 bilhões em 2018, afora a inflação (chute conservador e que não inclui a despesa com aposentadorias e pensões de servidores). Quase engole o gasto da educação. 

Mesmo que não houvesse o teto constitucional de gastos, a despesa ainda estaria estourada, pois a arrecadação do governo é um fracasso, devido a recessão e mumunhas. Com ou sem teto, por ora é preciso cortar. No entanto, despesas com salários de servidores crescem de modo despropositado e as da Previdência aumentam de modo descontrolado, por lei. As despesas de investimento "em obras", no entanto, caem 40% neste 2017. 

Na execução (gasto de fato) do Orçamento deste ano, o dinheiro despendido em educação federal caiu 7% nos últimos doze meses (desconsideradas as despesas obrigatórias); em 2015, ainda sob Dilma 2, caíam a 17% ao ano. Dado o teto constitucional de gastos, a Previdência sem reformas e o aumento de salários dado por Michel Temer a servidores, a situação será de guerra em 2019. O dinheiro para obras ou para a ciência tende a zero no início do próximo governo.
Se o país continuar inerte, o Orçamento vai explodir. Na nossa cara.

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