24 de setembro de 2016 | N° 18643
PIANGERS
Nunca vamos ficar ricos
Uma amiga minha, a Bia, decidiu trabalhar só meio período depois que o filho nasceu. Quer participar de cada momento. Mas, Bia, assim você não vai ficar rica nunca!, alertou um amigo. É verdade. A Bia ganha menos dinheiro. Mas eu conversei com ela esses dias, e ela estava mais feliz que o Bill Gates.
No almoço, um colega do trabalho disse que não vai aceitar uma promoção. Quer continuar com as manhãs livres, curtindo a filha. “Não vale a pena”, ele disse. Está certíssimo: entre abraçar todos os dias de manhã uma menina linda de pijama ou mais R$ 500 na conta, com qual você ficaria? Tem vezes que a promoção não paga nem a creche que você vai ter que contratar. Tem vezes que não paga nem a gasolina.
Participar do crescimento dos filhos tem uma série de vantagens, para crianças e adultos. Eles aprendem mais rápido, se desenvolvem com mais confiança. A gente libera um monte de hormônios de prazer, por estar por perto de coisas fofas que fazem gugu e dadá. Vivemos mais felizes, menos estressados, o coração batendo que é uma beleza.
“Mas você precisa investir na sua carreira”, e eu concordo com isso. Todos os dias, depois de fazer minhas filhas dormirem, volto pro computador pra trabalhar. Estou escrevendo este texto às 04:29 da madrugada de um feriado. O que eu fiz foi uma lista de prioridades, família no topo, e tudo aquilo que dava pra dizer “não” eu fui dizendo. Não me arrependo.
“Mas eu nunca abriria mão da minha vida para criar um filho.” É importante dizer que não dura a vida toda. Dura uns 15 anos, depois dos quais é o seu filho que não vai mais querer você por perto. A partir dali é casa de amigo e praia no fíndi. Daí a gente vai cuidar da nossa vida. Fazer um curso, tentar um negócio. Quem sabe, aprender a usar o Snapchat.
Pode ser que a gente nunca fique rico, é verdade. Mas tanta gente trabalha como condenado e também não fica. O nosso tesouro a gente sabe onde está.
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