sábado, 10 de setembro de 2016



10 de setembro de 2016 | N° 18631
MARTHA MEDEIROS

O caso Multipalco

As grandes empresas e o governo é que podem fazer a diferença para a conclusão de uma instituição que irá potencializar a vida cultural do Brasil. Todo gaúcho sabe que a admirável dona Eva Sopher, 93 anos, dedica sua vida ao Theatro São Pedro e ao Multipalco, esta obra que parece tão inacabada quanto a Sagrada Família de Gaudí, em Barcelona. O Multipalco está demorando tanto para ser concluído que virou saga, mito, causo.

Porém, o que começou em 2003 com cinco anos de prazo para ser concluído já se estendeu por 13 anos e está mais do que na hora de ter um desfecho decente. Você sabe o que é, de verdade, o Multipalco?

Não é apenas aquela bela concha acústica ao ar livre. Não é apenas o ótimo restaurante Du Atos. O Multipalco é um complexo cultural inédito na nossa cidade e no nosso país. É um local que ministra aulas de música para jovens instrumentistas, é um espaço para teatro infantil, para corpo de baile, para ensaios de orquestras, para seminários. O esqueleto do prédio está pronto e funciona. Acabamento de primeira qualidade, salas amplas, competência na gestão. Falta pouco para se tornar o orgulho máximo dos gaúchos.

Recentemente uma coluna de Alfredo Fedrizzi repercutiu por tratar dos motivos pelos quais tantos desejam sair de Porto Alegre. Óbvio que há lugares mais atraentes para se viver, mas qual é a nossa contribuição para valorizar os projetos que, como o Multipalco, seriam aclamados em qualquer lugar do mundo?

As maiores construtoras nacionais estão envolvidas até o pescoço em escândalos. Gastaram os tubos com políticos a fim de se beneficiarem com contratos vantajosos. O que conseguiram com isso? Frequentar as páginas policiais. Tivessem direcionado uma fração desses milhões para obras de incremento à cultura, teriam feito diferença no futuro do país, seriam sócios de um progresso efetivo. Mas não.

A população contribui a seu jeito. O máximo que pode fazer é comprar ingressos, prestigiar espetáculos de qualidade, mas não é suficiente. As grandes empresas e o governo é que podem fazer a diferença, que podem doar o montante necessário para a conclusão de uma instituição que irá potencializar a vida cultural do Brasil. Não é supérfluo: se queremos um novo país, fatalmente a mudança passará pela cultura.

Se você conhece quem pode dar um arremate feliz para essa longa história, divulgue o e-mail: presidencia@ teatrosaopedro.com.br. Colabore compartilhando essa coluna e essa preocupação. Dona Eva, repito, tem 93 anos. Não merece ser privada de ver concluído um projeto que não é para ela, mas para nós, para as próximas gerações, para a realização de uma evolução que precisa deixar de ser utópica.

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