23 de setembro de 2016 | N° 18642
NÍLSON SOUZA
O FIM DO SÉCULO
Com alguns intervalos para leituras, digamos, mais recreativas, terminei de ler a trilogia O século, do britânico Ken Follett. Haja fôlego para as 2.855 páginas somadas das três obras que contam a história da humanidade no século 20, sob a ótica de cinco famílias – norte-americana, inglesa, galesa, russa e alemã. É ficção, mas tão fiel à realidade, que o leitor, especialmente aquele que viveu boa parte dos acontecimentos relatados, sai dessa experiência literária com uma visão muito mais abrangente e humana da história linear relatada pelos livros didáticos.
A I Guerra Mundial e a Revolução Russa são os focos do primeiro volume, Queda de gigantes, que nos apresenta os personagens que efetivamente sofreram as consequências das transformações políticas e sociais comandadas por reis, presidentes e generais. São pessoas do povo – mineradores, operários, soldados, professores – que irão contar essa saga.
A ascensão do nazismo, a Guerra Civil Espanhola e a II Guerra Mundial compõem o cenário bélico do segundo livro, Inverno no mundo, que relata a vida, os amores e os dramas das famílias referidas, já entrando na segunda geração. O fascismo, o comunismo e todos os ismos do conflito de ideias e ideologias desabam sobre os integrantes dessas famílias, e também sobre nossos pais, nossos avós e todos os que já viviam na metade do século passado.
Essa era sangrenta gerou a Guerra Fria, rótulo para um mundo amedrontado pela perspectiva do conflito nuclear e do ódio político. O terceiro volume, denominado Eternidade por um fio, documenta a queda do Muro de Berlim e incontáveis mudanças sociais e comportamentais, que vão da afirmação dos direitos civis à consagração do rock como marca da juventude. Mais uma vez, a história é contada por pessoas comuns, que amam, trabalham, se divertem, fazem política e conduzem os destinos da humanidade com seus atos e seus sentimentos. Somos nós.
Ken Follett é o cara.
Quem tiver fôlego para chegar à página 1.070 do terceiro volume não vai se arrepender. Mesmo que leve um século para concluir a leitura.
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