05 de setembro de 2016 | N° 18626
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
MELHOR TER MEDO
Se existe uma coisa verdadeiramente humana é a nossa capacidade de adaptação ao impossível. Um provérbio americano diz: “if you hang long enough, you get used to it” (“Se você for enforcado por tempo suficiente, acaba se acostumando”, ou algo assim, em uma tradução para lá de livre). Fear the walking dead é a demonstração de que os humanos se acostumam até mesmo a um apocalipse zumbi, se tiverem algum tempo para refletir e um iate onde se refugiar por uns tempos. No apocalipse zumbi, jamais esqueça do iate.
A segunda temporada de Fear the walking dead entra mar adentro, em um fuga inútil. Onde quer que você vá, onde quer que você esteja, para onde quer que fuja, não há fuga.
Uma coisa que não agrada: este que vos escreve não curte muito os momentos-gente nessas histórias apocalípticas. Um mundo cheio de zumbis canibais não é exatamente a hora nem o local para se discutir a relação, coisas que nossos humanos passam preciosos minutos fazendo em vez de correr mais rápido, pular mais alto e escapar da zumbizada.
Fear the walking dead não é recomendável se você torce muito pelos humanos. Torça, mas sabendo que a sua torcida é meio como que pelo Inter nesses tempos: por mais paixão que você coloque, a tendência é mesmo de frustração e dor. Fica a dica e não diga que não avisei.
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