19 de outubro de 2015 | N° 18329
FREIO NO DINHEIRO
PEDALADAS EM OBRAS FEDERAIS
TRABALHOS QUE ESTAVAM EM ANDAMENTO no Estado pararam outêm ritmo reduzido devido à falta de repasses de recursos. Prazosde entrega tendem a estourar, como o da segunda ponte do Guaíba
A falta de recursos do governo federal, fruto da necessidade de cortar gastos e da arrecadação em queda devido à retração da economia, paralisa e atrasa pelo menos 13 obras no Estado. A situação mais grave é nas rodovias. Projeto que pelo cronograma original já deveria estar pronto, a duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, não tem mais prazo para ser finalizada. Quatro dos nove lotes estão parados ou próximos de os trabalhos serem suspensos, admite o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
– A obra praticamente se arrasta. E mesmo que os lotes estivessem prontos, as licitações para construir as pontes sobre o São Gonçalo e o Rio Camaquã sequer foram lançadas – afirma Nelson Sperb, diretor do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem (Sicepot-RS).
Outra estrada que teve a duplicação iniciada e tem agora os prazos pedalados é a BR-290, entre Eldorado Sul e Pantano Grande. Não há trabalho em nenhum lote e o Dnit não arrisca estimar quando será possível reiniciá-lo.
Até mesmo a prioridade do governo federal no Estado é motivo de dúvida. A informação oficial ainda é de que a construção da segunda ponte sobre o Guaíba será concluída em setembro de 2017, mas o ritmo no canteiro gera desconfiança tanto no Sicepot quanto na entidade que reúne os trabalhadores das empreiteiras.
– A ponte deveria estar com pelo menos 500 pessoas trabalhando e está com 200, no máximo – estima Isabelino dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Rio Grande do Sul (Siticepot).
PARAR E RETOMAR ENCARECE PROJETO
Elaborado pelo governo federal, o Plano Plurianual (PPA) 2016-2019, enviado em setembro para o Congresso, põe mais uma ponta de suspeita quanto ao prazo. No anexo que lista os investimentos federais, a publicação estipula a conclusão para 2019, o que é contestado pelo Dnit.
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-RS), Melvis Barrios Junior lembra que uma consequência comum da paralisação é um custo maior tanto pela deterioração dos trabalhos em suas fases preparatórias quanto pela necessidade de remobilização das empresas.
– Isso depende do estágio da obra, mas, em alguns casos, o sobrecusto pode superar 20% – diz Barrios Junior, que questiona a emissão de ordens de serviço para o início de obras sem garantias de liberação de pagamentos.
No fim, a falta de recursos leva a um desperdício de dinheiro público ainda maior. A situação será debatida em um seminário dias 10 e 11 de novembro, na Capital, com entidades de engenharia e tribunais de contas para avaliar planejamento, projeto, licitação, execução e fiscalização das obras públicas.
caio.cigana@zerohora.com.br
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