15 de outubro de 2015 | N° 18325
OLHAR GLOBAL | Luiz Antônio Araujo
Paz por videoconferência
Esqueça as alfinetadas mútuas e os rumores a respeito de uma “guerra por procuração” entre Rússia e Estados Unidos na Síria. Embora interesse aos dois lados reforçar publicamente suas diferenças em relação ao conflito, desde o surpreendentemente pouco citado encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Barack Obama em Nova York, em setembro, as ações de americanos e russos no campo de batalha não poderiam ser mais coordenadas.
Não se trata, como já foi dito em Olhar Global, de uma disposição comum de atacar os barbudos do Estado Islâmico (EI). Os bastiões do grupo – incluindo sua capital, Raqqa, no nordeste da Síria – seguem incólumes. A aviação russa tem se dedicado a bombardear posições de grupos oposicionistas independentes do EI no sudoeste do país. Já os EUA optaram por retomar os laços com o antes desacreditado Exército Livre da Síria ao redor de Aleppo.
Antes da entrada oficial da Rússia na guerra síria, em 30 de setembro, volta e meia a ideia de uma zona de exclusão aérea, adotada anteriormente na Líbia e no Iraque, era mencionada. De fato, a estreia russa significou o oposto: com 13 países operando nos céus da Síria, o que existe, de fato, é uma zona de inclusão aérea.
No final de semana, jatos russos e americanos teriam ficado a alguns quilômetros de distância (“Houve contato visual”, disse o coronel Steve Warren, porta-voz da coalizão Amigos da Síria), e ontem os respectivos comandos começaram oficialmente a discutir, via videoconferência, um “memorando de entendimento”, segundo a AFP. Em vez de “guerra por procuração” no solo, Rússia e EUA fazem paz por videoconferência nos céus.
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