30 de outubro de 2015 | N° 18340
MARCOS PIANGERS
Peguei primeiro
Todas as Anas Paulas nasceram por volta dos anos 80. As Marianas e as Brunas, um pouquinho depois. Depois vieram Matheus e Thiagos, e esses agás já demonstravam uma tendência ao experimentalismo. Nos anos 90 a moda eram nomes italianos, como Enzo e Lorenzo. Os Luccas pipocaram nessa época. Todas as Sofias e Bernardos nasceram no começo dos anos 2000. Estávamos nostálgicos. Era o início de uma tendência de célebres Benícios e Joaquins. Benjamins e Franciscos. Nomes antigos, homenagens aos avós. Anita e Aurora. Nomes com cara de anos 50.
Não estou dizendo que vamos voltar no tempo e começar a batizar nossos bebês de Bartolomeu ou Zulmira. Um bebê chamado Zulmira já nasce com 70 anos. Apesar de serem nomes lindos. Acredito que a tendência não vai tão longe. Atualmente, sinto uma alta de Theos e Yasmins. E Isabellas com dois eles. E aí está o cuidado que devemos tomar. Com as tendências, vem os nomes repetidos. Inevitavelmente, você vai encontrar outras crianças com o mesmo nome. Mesmo que seja um nome antigo. Mesmo que tenha agá e dois eles. Mesmo que seja uma homenagem pra sua avó. Mesmo que seja Zulmira.
Existe uma regra não declarada que é a regra do “peguei primeiro!”. Ao decidir o nome da criança, os pais devem anunciar alto e rapidamente para todos os chegados, para que não ocorra o terrível constrangimento do nome repetido. É importante que, quando anunciado o nome escolhido, seja sempre repetida a informação várias vezes. No trabalho, no condomínio, no churrasco de família, sempre de forma clara e em alto volume: “É João Pedro! João Pedro! Esse é meu e ninguém tasca!”. Sobram João Paulo, João Miguel, João Vitor, João Gabriel. Mas João Pedro já tem dono.
Pais ficam magoados com outros pais que escolhem nomes parecidos, mesmo que a grafia seja minimamente diferente. Vizinhas que ficaram grávidas ao mesmo tempo e colocaram o nome de Vitor e Victor, eventualmente, passarão a se odiar. “Mas o meu é sem cê!”, dirá a vizinha mal-intencionada, se fazendo de inocente.
O migué da letrinha diferente não vale. Vitor e Victor é quase a mesma coisa, me desculpe. Eloisa e Heloisa, também. Sofia e Sophia, também. Isabela já anula qualquer possibilidade de outra mãe escolher Isabella, por exemplo. E, eu diria, até Isabeli. Não adianta tentar usar letrinhas pra ludibriar a mãe que escolheu o nome primeiro.
Como diria qualquer Zulmira: respeito é bom e todo mundo gosta.
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