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quinta-feira, 13 de maio de 2010
13 de maio de 2010 | N° 16334
PAULO SANT’ANA
Carlos Nobre
A prefeitura municipal de Guaíba, através da Secretaria de Turismo, Desporto e Cultura, está convidando para o lançamento do site alusivo à memória de Carlos Nobre. O lançamento ocorrerá no dia 24 deste maio corrente, às 20h, no Museu Carlos Nobre.
O site é fruto da parceria entre a prefeitura de Guaíba e familiares de Carlos Nobre, que pretendem dessa forma homenagear o ilustre guaibense, que teve destacada carreira dedicada ao jornalismo e ao humor, no momento em que se completam 25 anos da sua morte.
Quando morreu Carlos Nobre, em 1985, escrevi em minha coluna de esportes de Zero Hora que acima de tudo ele tinha sido um homem do povo. Foi retirado dessa imensa legião de anônimos que lavram a terra, que cavoucam as minas, forjam o ferro, engraxam os sapatos, alimentam os fornos das metalúrgicas, dirigem caminhões – o povo.
Nobre, o grande humorista que me antecedeu nesta penúltima página de Zero Hora durante décadas, pertencia ao povo, às gentes de que se sustenta verdadeiramente um país, as pessoas mais importantes de uma nacionalidade, os que erguem a paz ou vão para a guerra, os que sofrem na paz e morrem na guerra.
O Carlos Nobre era do povo, seu grande patrão invisível era o público que o lia ávida e diariamente em Zero Hora. Ele o servia, sabendo que pertencia a essa grande e sublime raça dos homens humildes, cordatos, oprimidos, a esse divertido povo que precisa de uma alegria diária para sobreviver.
Carlos Nobre nunca se afastou do povo de onde saiu. Sua linguagem era por vezes obscena, mas era a linguagem do povo. Assim, do jeito que ele falava no rádio e escrevia no jornal, sabia o Nobre que o povo falava nos mocambos, nos botequins, nas canchas de osso, ao redor do mercado, nos descaminhos das malocas, nos estádios de futebol, por todo o lugar onde anda o povo.
Era esse povo ou subpovo que emergia dele e que prosperou em escalas na vida que lia o Carlos Nobre. Quando não podia comprar jornal, no tempo em que não existia o Diário Gaúcho, dava um jeito de pedir a quem comprava para dar uma olhada na coluna diária do Carlos Nobre.
O mesmo povo que deu há mais de 50 anos ao Carlos Nobre a maior audiência que um radialista jamais teve em todo o Brasil, em todos os tempos: o Campeonato em Três Tempos, espaço que tinha sintonizados 90 aparelhos em cada cem que estivessem ligados, na Rádio Gaúcha.
Todos os dias do Carlos Nobre eram ocupados em ler as notícias e convertê-las para sua ótica bem-humorada.
O povo gaúcho perdeu em 1985 um grande servidor. Um homem que trabalhava para ele e cujo grande orgulho e motivo de vida era ser lido pelas massas. Ele fez grandes amigos, teve grande mulher e ótimos filhos. Muito do rádio e da imprensa se foi com ele, que tratem os homens desta e das próximas gerações de formar seus gigantes, a exemplo do Nobre.
Durante muito tempo, quando se pegou um jornal para ler, sentiu-se o incômodo da ausência do Carlos Nobre.
Considero um dever reverenciar a memória de Carlos Nobre.
Haverá hoje, às 19h30min, na Cervejaria Dado Bier, o lançamento do livro A Paixão, Caminhos e Descaminhos, de autoria do psiquiatra e psicanalista Paulo Sérgio Rosa Guedes.
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