sábado, 15 de maio de 2010



15 de maio de 2010 | N° 16336
PAULO SANT’ANA


A sorte está lançada

Não entendo direito. Se só daqui a meses se ferirá a campanha política, não podendo haver agora a propaganda eleitoral, com os candidatos e os partidos ameaçados de serem punidos pela Justiça Eleitoral se fizerem propaganda, como, então, José Serra e Dilma Rousseff fazem uma romaria pelos Estados, participando de entrevistas em diversos órgãos de imprensa, todos os dias?

Afinal, começou ou não começou a campanha eleitoral?

De minha parte, estou gostando desses convescotes dos candidatos à Presidência nos órgãos de comunicação.

Não escolhi ainda em quem votar, o que quer dizer que estou estudando os candidatos, examinando seus programas para depois decidir o meu voto.

Envergonho-me de dizer que em Marina Silva (PV) não vou votar. Como a maioria dos brasileiros, tenho a mania de só votar em quem tem chances de ganhar, o que sei é um erro aferrado ao sentimento de que votar em quem não pode ser eleito é uma inconsequência.

Então, levando em conta que só Dilma e Serra podem ser eleitos, declaro que estamos bem de candidatos.

José Serra já ocupou todos os cargos políticos com brilhantismo, só lhe falta a Presidência da República, o que indica que poderá ser um ótimo presidente.

Já Dilma Rousseff nunca disputou qualquer eleição, mas isso não a deslegitima a disputar esta.

O que está faltando para mim, como informação, é saber por que Lula escolheu, ele sozinho, sem consultar o PT, quem seria o candidato do partido à sua sucessão.

Se não é pedir demais, se não é ser pretensioso, gostaria que o presidente Lula escrevesse a esta coluna dizendo os motivos que o levaram a escolher Dilma, visivelmente sem a concordância do PT.

O que viu Lula de superior em Dilma para que ela possa desempenhar o difícil cargo? Quais foram os atributos para o cargo que Lula enxergou na personalidade e na conduta de Dilma?

Que foi surpreendente a escolha de Dilma, não resta dúvida. O esperado era que o escolhido por Lula (e será que tem de ser escolhido somente por Lula?) fosse um senador, um governador, um ex-senador, ex-deputado, ex-governador.

Mas não. Foi Dilma, retirada discretamente do bolso do paletó como solução para a sucessão.

Evidentemente que, a exemplo de Serra, não falta a Dilma a necessária experiência administrativa que convém aos candidatos: ela já foi excelente ministra da Energia e até pouco tempo ocupava a Casa Civil da Presidência, onde desenvolvia atividade ligada a todos os ministérios.

Costurou o Plano de Aceleração do Crescimento e tem uma visão global das questões que giram em torno da ciência de governar.

Pode ainda lhe faltar tato para lidar com o mundo político, mas isso até o próprio Lula não tinha quando foi eleito pela primeira vez. Engrena com o andar da carroça.

O resultado da eleição ninguém sabe. Um dia andei arriscando aqui nesta coluna o palpite de que Dilma viria afinal a ser vencedora.

Mas foi um palpite apenas, baseado em que é tão grande a aprovação popular ao presidente Lula, que fatalmente o seu prestígio acabaria transferido para Dilma nas urnas.

Mas é só um palpite meu. No entanto, de uma coisa não tenho dúvida: reside exatamente aí, na transferência ou não do prestígio de Lula para Dilma, a descoberta do segredo sobre o resultado da eleição.

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