Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 11 de maio de 2010
11 de maio de 2010 | N° 16332
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Manhã de domingo
Tem alguns que preferem um feriado ou um sábado, mas para mim não há mais perfeito sinônimo de serenidade do que uma manhã de domingo. Tu lês os jornais do dia, as revistas da semana, pensas vagamente onde irás almoçar, escutas músicas de tua particular estima e consideração.
Da rua te soam o canto dos pássaros, a tranquila conversação de pessoas que não têm pressa, o latir amigo desses pequenos cães que saem a passear seus donos. Das redondezas chegam vozes e um aroma de churrasco bem temperado.
Se é um princípio de outono, o dia se desnuda cedo de uns traços de neblina e abre caminho a uma paisagem feita da claridade de um céu civilizado. O ar torna-se límpido e a atmosfera, transparente. É como se vivesses em latitudes europeias, com quatro estações bem demarcadas.
De algum andar incógnito te alcançam os tons e as harmonias de um piano e te inspiram pensamentos de paz. E te recordas de um outro piano, de uma das casas em que moraste, e dos acordes que dele recolhiam pessoas que partiram ou que o carrossel da vida extraviou.
São estranhas as múltiplas vidas contidas em tua própria vida. Sentes falta delas, mas não há remédio conhecido para a saudade. Mas saudade é uma palavra revestida de ternura e em sua síntese se parece com as órbitas de astros dispersos e no entanto ordenados em sua intrínseca harmonia.
Pegas um livro e, à medida que o folheias, sentes que fala de ti. Fala de teus sonhos e de teus desejos e de tuas recordações e de teus anseios e de certas pessoas que prezas e que gostarias de rever. Fala de teus projetos, não os irrealizados, mas aqueles que vais simplesmente adiando, pelo simples gosto de tê-los.
Ligas o computador e vais digitando as teclas e as telas, até chegar no capítulo dos e-mails. E ali está à tua espera uma branda mensagem, a que ainda não sabes como responder. Escreves algumas linhas de improviso, receoso de que não é isso que querem ouvir de ti.
É quando pousa em uma das sacadas o pássaro azul ao qual não aprendeste a dar um nome. É um pássaro incerto, pois vem sem data e sem aviso e jamais apresenta sua carteira de identidade. Cumprimenta-te brevemente e ganha os espaços de sua circunstância.
É aí que toca pela primeira vez o som de um celular.
Uma ótma terça-feira para vc ainda que com chuva como continua por aqui.
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