sexta-feira, 21 de maio de 2010


Jaime Cimenti

O que ensinamos aos políticos e o que aprendemos com eles

Há décadas, quando os modernos marqueteiros nem tinham nascido, Mario Quintana disse que não existia nada mais encantador do que os sorrisos dos políticos em campanha. Política, eleições, políticos, votos, urnas, eleitores e campanhas infelizmente vêm acompanhados de lama, corrupção, mentiras e outras coisas que a gente sabe bem e muitas vezes preferia nem saber.

No atual momento brasileiro, de democracia bastante consolidada e economia simpática, as pessoas andam pragmáticas e meio que largaram de mão aspectos mais ideológicos e essa tal de ética.

Querem casa, emprego, segurança, colégio, geladeira cheia de cerveja e outros alimentos e dispensam a procura de utopias e sonhos em gôndolas de campanhas eleitorais ou de supermercados. Ademar rouba, mas faz, diziam os antigos, especialmente em São Paulo.

Lembram? Bom, mas eu comecei falando em sorrisos. Nas eleições os eleitores ensinam os políticos, através dos marqueteiros e outros profissionais da área, a serem mais sorridentes, humanos, comedidos, bonitos, elegantes e a dizerem o que mais interessa. Maquiagem, silêncios, omissões, roupas, cores, cenários, palavras docemente vagas e esperançosas e outros truques rolam.

Os políticos, por sua vez, ensinados pelos eleitores e pelas pesquisas, ensinam os eleitores a acreditarem e a votarem neles. Enquanto isso, alguns verdadeiros donos do poder, anônimos ou públicos king-makers, discretamente ou não, em seus gabinetes, em contato com outros poderosos nacionais ou globais, vão maquinando coisas e espalhando suas fichas de ouro nos panos verdes das roletas eleitorais e fazendo sua parte. Números, planos e projetos mais claros muitas vezes não aparecem.

Mas, enfim, se as campanhas tiverem menos ataques abaixo da linha da cintura, se depois aumentarem os números de tetos, escolas, hospitais, lâmpadas e víveres dentro das geladeiras, já será muito. Quanto à educação propriamente dita, segurança e construção de uma verdadeira nação, como todos queremos, vai levar um pouco mais, que o parto do Brasil é demorado.

É preciso ter paciência, esperança profissional, ganhar a Copa e aprendermos uns com os outros a sorrir, ser educados, delicados, comedidos, pentear ou não os cabelos, usar roupas, palavras e gestos adequados e pensar que tudo pode dar certo, como no filme do Woody Allen.

Jaime Cimenti - Uma gostosa sexta-feira e um lindo fim de semana

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