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terça-feira, 18 de maio de 2010
18 de maio de 2010 | N° 16339
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
A balança e eu
Tem pessoas que, ao despertar, seu primeiro encontro é com os sonhos em que mergulharam. Há outras que pedem ao relógio mais alguns minutos de sono.
Já eu, me dirijo em disciplinada marcha batida em direção à balança. Em alguns segundos, acompanhando o rumo do ponteiro principal, descubro se emagreci ou se engordei.
Não é uma prática muito louvável. Existem maneiras mais diversas e mais recomendáveis para acordar. Você pode, por exemplo, fixar-se no canto dos pássaros, acompanhar a sinfonia com que um sabiá saúda a manhã. Você pode penetrar em pensamento na neblina que abraça a cidade e imaginar o sol que ela ciumentamente oculta. Você pode concentrar-se nos navios que singram nosso rio que é chamado de lago e devanear com seus incertos destinos pela rosa dos ventos.
Mas chega a hora em que, antes do banho, você lança um olhar ao dial da balança. É como um juiz de sua forma física.
A mim, ele tem poupado de condenações. Com um metro e 74 de altura, não vou além dos 67 quilos. Isso quer dizer que estou razoavelmente esbelto e deixei para trás as épocas em que me defrontava com 78 ou 82 quilos no mesmo exercício matinal.
Já é uma conquista de alguns anos. A que devo ela?
Acho que primeiro a um ritual que cultivei com toda a paciência e espírito esportivo. Trata-se de caminhar, a cada dia, não importa se esteja esplêndido ou apronte uma reprise do Dilúvio Universal, por estas calçadas de Porto Alegre.
Mas não é tudo. Tem ainda o departamento da alimentação. Meu desjejum é um copo de café com leite, guarnecido de duas fatias de pão light, levemente decoradas de requeijão também light. Ao almoço, encaro um prato reforçado de salada mista, uma quantidade comportada de arroz com feijão e um peito de frango grelhado ou um bife na chapa.
Há ainda outras incursões de livre escolha pelo território do trivial variado. Já pela metade da tarde, me presenteio com um sanduíche, de novo light, ou com uma salada de frutas. À noite me contento com um consomé, mas não dispenso dois cálices de vinho.
É pouco? Guardo minhas compensações. Os fins de semana são livres, como são igualmente as festas a que compareço, embora não esqueça nunca de que em meu dicionário consta a palavra moderação. O prêmio? Me sentir em minha idade com a alma tranquila e o coração leve.
Ainda que com chuva uma linda terça-feira para vc
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