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terça-feira, 25 de maio de 2010
25 de maio de 2010 | N° 16346
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Dois segundos
Uma leitora me diz ser curioso que eu, habitualmente prisioneiro do presente, me deixe levar às vezes por tantas lembranças do passado. Bom, para começar, N., sempre acreditei que o presente é a soma de todos os passados.
Não estou sozinho nessa crença. Há milhares de anos, Confúcio já recomendava: “Estuda o passado, se quiseres adivinhar o futuro”. Longe de mim tentar sondar meu futuro. Mas não me importo de adivinhar o passado.
Agora mesmo, N., me ocorrem dois caminhos para tornar a percorrê-lo. As férias dos anos 60 em Cachoeira, quando havia um novo amor a cada dia e as meninas eram tão belas quanto deusas, e o primeiro dos cursos de Jornalismo Avançado que tirei em Berlim, em 1982, época em que respirar era ser feliz.
Há toda uma tentação em olhar o tempo que se foi como melhor do que aqueles que estamos vivendo. Mas pode ser uma tentação legítima se, como escreveu George Santayana, os que são incapazes de recordar o passado são condenados a repeti-lo.
Condenados talvez seja uma palavra forte. Eu a substituiria por levados ou inclinados a reprisá-lo. Isso porque cada instante da vida é condicionado por aquilo que fomos, ou que experimentamos.
Vivenciei ocasiões de intensa dor, naveguei momentos de trágica realidade. Reluto em voltar a eles, mesmo no mais simples dos pensamentos. Nenhum de nós é feito para a derrota, senão que para a superação.
Singrei também, N., instantes que jamais esquecerei, por sua beleza. Por um desses acasos que a vida apronta, vários desses instantes transcorreram no Exterior, como aquela noite em que assisti a um espetáculo, num teatro de Hamburgo, e no camarote central estava ninguém menos do que a princesa Diana.
Sobre o passado nem o céu tem poder, falava, há mais de três séculos, Dryden. É provável, N., que ele tenha razão, é possível que ele tenha enunciado uma frase definitiva.
Mas eu só pediria a esse céu que ele menciona que me desse o poder de preservar dois segundos de minha caminhada sobre a Terra. Aqueles dois em que Lady Dy repousou, distraída, o seu olhar no meu.
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