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terça-feira, 11 de maio de 2010
11 de maio de 2010 | N° 16332
PAULO SANT’ANA
Salada de frutas
Sem que me apercebesse, sou um animal frugívoro. Que quer dizer aquele que se alimenta de frutos e vegetais.
Eu me alimento exclusivamente de frutos. Não gosto de nenhum outro vegetal, nem alface, nem radicchio, nem couve, chicória, agrião e outros verdes. Não sou ligado em folhas.
Mas sou fixado em frutos. Deve ter sido porque, quando criança, como habitava a Chácara das Bananeiras e todos os dias fazia incursões pelo Morro da Polícia, aprendi a sair de casa manhã cedinho e só voltar à noite, sem almoçar, depois de me embrenhar nas matas repletas de frutos.
Passava o dia inteiro subindo nas árvores e comendo coquinhos, pitangas, araçás, butiás, goiabas, peras, laranjas, bergamotas, amoras e, se bem lembro, até maracujás.
Voltava para casa com a boca pintada do negro das pitangas ou do róseo da romãs.
Depois, cresci e meu pai acentuou a minha tendência, levando-me semanalmente até a Banca 40 do Mercado Público, onde comia aquela saborosa salada de frutas ou creme de abacate com limão.
Mas tenho, entre todas as frutas, especial predileção por duas, a melancia e o abacaxi: cravo os dentes naquela massa de gelo rubro da melancia, o chamado coração da melancia, o filé dos deuses, também encontrado no abacaxi.
Na verdade, não é de frutas que eu gosto, é de açúcar, algo doce que me apeteça. Tanto, que não gosto de mangas e de melões, porque não são doces.
Da uva, a fruta mais doce entre todas, tive de me separar por causa do diabetes. A uva contém mais açúcar que o próprio açúcar, mas me surpreendo por vezes sonhando que estou devorando um lindo cacho de uvas brancas de bagos geladinhos.
Eu tinha de ter nascido no Líbano, onde existem as frutas mais deliciosas do mundo, entre elas o damasco e as tâmaras.
Mas nasci no Rio Grande do Sul, que é vizinho do Uruguai, que tem pêssegos tão doces e macios como não se encontram por aqui e que de vez em quando saboreio.
Ah, as ameixas, principalmente as negras sem caroço!
Ah, as goiabas vermelhas da minha infância, às vezes até bichadas, mas ainda assim mais saborosas que as goiabas brancas e insossas que me obrigam por vezes a comprar.
Ou vocês pensam que não gosto dos marmelos? Ou acham que o freezer do meu quarto não está sempre lotado de pilhas e pilhas de caquis e peras argentinas? Pois se enganam redondamente se acham que não as como todo santo dia.
E, com a licença de vocês, vou correndo para casa para comer o meu creme dietético com cerejas e morangos.
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