quinta-feira, 20 de maio de 2010



20 de maio de 2010 | N° 16341
PAULO SANT’ANA


As fonoaudiólogas

Estou passando por uma experiência excitante: a fonoaudióloga Isabela Menegotto, do Mãe de Deus Center, está adaptando à minha orelha esquerda um aparelho auditivo que está fazendo com que eu volte a ouvir todos os sons que já não me eram mais familiares, depois de tantas perdas auditivas ocasionadas por tumores e cirurgias.

Inicialmente, tive um choque de realidade: há muito tempo eu não escutava mais pela minha orelha esquerda, para me readaptar à audição total estou tendo pequenos embaraços, mas sinto-me num mundo maravilhoso de sonho ao recuperar os sons a que não estava mais acostumado.

Quanto som perdido! Quanta vida perdida. Agora estou aqui nesta sala onde escrevo ouvindo todos os sons que me cercam, aproveitando todas as palavras que os outros pronunciam, parece que ingressei num plano de realidade que me era há muito tempo desconhecido, sinto que minha vida pode se tornar agora muito mais útil e agradável.

Que bela invenção este aparelho auditivo.

Como diz outra fonoaudióloga, também Isabela, mas Gomes de sobrenome, é comum encontrar nas ruas pessoas usando óculos, mas não é isso o que acontece na deficiência auditiva. Apenas 40% das pessoas com perda auditiva reconhecem que ouvem mal.

A falta de informação e o preconceito fazem com que a maioria dos deficientes auditivos demore, em média seis meses, para tomar uma providência.

Ao sentir alguma dificuldade para ouvir, a pessoa deve consultar um especialista, que irá avaliar a causa, o tipo e grau da perda auditiva.

A partir do resultado dos testes, como o de audiometria, será indicado o tratamento mais adequado.

Muitas vezes o uso do aparelho auditivo resolve o problema.

Eu sempre pensei que houvesse demérito estético em usar aparelho auditivo. Mas atualmente existem aparelhos modernos, pequenos e quase imperceptíveis, como este que a Isabela Menegotto está testando na minha orelha.

Ao contrário do que pensei, este aparelho da minha orelha esquerda está me ajudando e, na marcha que vai, acabará solucionando o meu problema de forma esplêndida.

Por que não fazer uso dessa tecnologia e ouvir melhor, sentindo-se mais confiante para conversar com os familiares, amigos e colegas de trabalho?

O aparelho auditivo, dizem as fonoaudiólogas especializadas, contribui para melhorar a autoestima, proporcionando bem-estar, liberdade, alegria de viver e qualidade de vida.

Esse minúsculo aparelho que uso agora em minha orelha esquerda é discretíssimo. Mas ele está realizando o milagre de me trazer de volta para um mundo que não imaginava que iria assim redescobrir.

Eu mesmo posso, com toques sutis, regular o volume de som que quero ouvir, escolher se quero usá-lo, com um mínimo toque digital, para ouvir música, televisão ou para as relações normais.

Estou impressionado de que como pode caber tanta tecnologia num aparelhinho tão pequeno, ainda mais que vi a fotografia das trompas que Beethoven usava para ouvir e passei a me considerar um privilegiado ao conseguir recuperar o sentido da audição em uma das minhas duas orelhas sem qualquer agressão à minha aparência, como naquelas enormes geringonças ostensivas que o grande compositor alemão usava.

Como pode, por sinal, o maior gênio da música clássica universal ter sido surdo? Dá para entender?

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