Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
26 de maio de 2010 | N° 16347
DAVID COIMBRA
Eu sei o que aconteceu naquele verão
Estava em Weggis.
Sei o que aconteceu naquele verão europeu.
Weggis, talvez você não lembre, é um pequeno enclave dos Alpes Suíços, tão tranquilo que todos os dias parecem manhãs de domingo. As lustrosas vacas suíças pastam bovinamente nos montes do entorno de Weggis. Eu olhava para aquelas vacas, para seus úberes intumescidos, e pensava que dali sairia o chocolate que comia todas as manhãs num café em frente ao nosso hotel, que saudade do chocolate de Weggis.
Em Weggis há patos. Patos, patos, patos. Gordos patos suíços que, depois de nadar no Lago Lucerna, abanam com pachorrenta alegria seus rabos suíços pelas ruas imaculadas da cidadezinha. Duvido que alguém, algum dia, deva ter sido atropelado em Weggis, mas ainda assim as pessoas atravessam a rua na faixa de segurança. Você não vai acreditar, mas até os patos atravessam a rua na faixa de segurança. É irritante.
Weggis foi chamada pelo escritor Mark Twain de o mais belo lugar do planeta, e talvez seja mesmo. É um lugar para se olhar, para se passear, e deu. Weggis dorme às dez da noite e acorda ao nascer do sol pálido da Suíça.
O evento mais emocionante da história da cidade talvez tenha sido a pré-temporada que a Seleção lá realizou, às vésperas da Copa de 2006. Jornalistas do mundo inteiro mudaram-se para Weggis, e brasileiros de toda a Europa convergiram para a cidade a fim de ver os Ronaldos em ação. Viram. Qualquer um podia assistir aos treinos, desde que pagasse ingresso.
Agora releia o que escrevi aí em cima, depois da última vírgula: “Desde que pagasse ingresso”. Essa foi a tal “farra de Weggis”, tão temida por Dunga. Uma farra comercial, protagonizada pela própria CBF. A Seleção estava em Weggis a negócio. Então, as pessoas iam aos treinos e aplaudiam os jogadores, gritavam em coro os nomes de alguns, e só. Ah! Um dia, uma moça meio gordinha conseguiu burlar a segurança, entrou correndo no gramado e pespegou um beijo no rosto sorridente de Ronaldinho. Eis a “Farra de Weggis”.
A imprensa? Nenhum jornalista tinha acesso livre aos jogadores. Eles ficavam confinados em um hotel de luxo, teclando seus laptops, e vez em quando apareciam para as coletivas. Exatamente como ocorre agora, na preparação para a Copa da África.
A reclamação dos jornalistas, aliás, era de que a Seleção se tornara inacessível. Ao contrário da Copa anterior, a do Japão, quando Luiz Felipe permitia que os jogadores circulassem sem restrições pelo hotel em que estavam hospedados. Dizia, Luiz Felipe, que era bom para os jogadores sentir a pressão que vinha do Brasil, que eles deviam saber o que se esperava deles.
O Brasil ganhou aquela Copa. Não deve ter sido graças a isso.
A Copa seguinte o Brasil perdeu. Não deve ter sido por causa disso.
O Bordel das Virgens
Lembra do Bordel das Prostitutas Virgens? Escrevi sobre. Era uma boate de Ulsan, na Coreia do Sul, sede do Brasil na primeira fase da Copa de 2002. Seven, chamava-se o lugar. Estava cheio de lindas russas e ucranianas. Elas tinham pernas longas mal- cobertas por minissaias curtas, elas sorriam e pediam drinques para os clientes.
O lugar parecia um bordel, e elas pareciam mulheres que amavam a soldo. Mas não. Na Coreia, uma estrangeira que cobra por sexo pode ser expulsa do país. Então, as russas e ucranianas do Seven faziam quase tudo, menos o principal.
Um repórter carioca apaixonou-se por uma delas. Era uma loira sinuosa que lhe beijava a boca e sentava-se em seu colo e chamava-o de darling, só não concordava em ir mais adiante, se é que você me entende. O repórter oferecia-lhe tudo o que tinha, as diárias, o laptop, tudo. Ela repetia no, beibe. Ele não aguentava mais de tanta ansiedade.
Bem. Uma manhã, nós entrávamos no hotel da Seleção e quem vimos saindo? Elas! As russas! As ucranianas! Saíam contando os dólares, rindo e comentando sobre o desempenho dos jogadores fora de campo. Entre elas, a namorada do repórter carioca.
Foi um duro golpe, coitado – havia sido trocado por um boleiro cheio de Euros. A partir daquele dia, a Copa, para ele, virou a Copa da amargura. Nós, colegas solidários, noticiamos a visita das moças à concentração. Luiz Felipe não se importou. Ninguém se importou. Mas, se o Brasil não tivesse saído campeão, decerto falaríamos hoje da Farra de Ulsan e do perigoso Bordel das Prostitutas Virgens.
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