04 DE JANEIRO DE 2021
CÉSAR OLIVEIRA
Os dois lados do preconceito
Em se falando de identidade cultural, tradição e folclore, estamos assentados em um Estado que respira, se nutre de suas características identitárias, a começar com o ritual diário e constante do mate, um dos mais expressivos símbolos do povo gaúcho.
Sempre foi vigente o embate, principalmente na capital dos gaúchos, entre os "gauchinhos" e os "intelectuais". Veja bem, sou de uma época que ao vir para Capital enfrentava-se o "pré-conceito" ao usar uma bombacha. Porém, nos dias atuais tornou-se mais acirrada esta colisão de idealismos devido ao crescimento das reivindicações de espaços por outros segmentos no setor da cultura, pelo fato de que este setor foi um dos mais atingidos, senão o mais prejudicado, pela pandemia.
Com extremo respeito sobre a diversidade cultural, seus formatos e manifestações, pois este sempre foi meu posicionamento, defendo que a cultura vai do Carnaval ao lenço no pescoço. Apesar disso, é inegável que possuímos a nossa identidade predominante e ela vigora naturalmente como cultura de massa. Ao contrário de outros setores culturais, este possui uma ampla atuação nos 365 dias do ano, que envolve aproximadamente um milhão de pessoas direta e indiretamente ligadas a esta promissora cadeia produtiva alicerçada no seu patrimônio cultural. Esta indústria da cultura gaúcha não se restringe somente à classe dominante, contrariando algumas teorias, pois ela é popular e deve ser também explorada através do seu potencial ligado ao turismo cultural, dando suporte para seu desenvolvimento e auxiliando o crescimento do nosso Estado.
Por que persiste este conceito de opinião formada mesmo antes de saber do que ou de quem se trata? Possuímos uma diversidade étnica riquíssima que está envolta por todo este universo gaúcho se tornando parte dele e de sua construção histórica. Por que tachar os "gauchinhos" de "estancieiros"? Por ironicamente imaginarem que são bem providos ou por sustentar alma e matéria de suas origens e raiz? Somos todos gaúchos, está no nosso DNA, do futebol ao nosso hino que todos entoamos.
Devemos cuidar da nossa riqueza maior, explorar nossa identidade cultural, mas ter consciência de sua existência e importância sem dogmas, sem repúdio e preconceitos, pois toda nossa história esta consolidada em uma única denominação: "gaúcho". Ou deixemos de hipocrisia ao usufruir do "orgulho de ser gaúcho" só quando nos for conveniente.
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