16 de maio de 2009
N° 15971 - PAULO SANT’ANA
A questão é a focinheira
Publiquei no dia 6 de maio corrente uma coluna em que bati forte nos donos de pitbulls que saem pelas ruas com suas feras sem focinheira, amedrontando e pondo em risco a integridade física dos transeuntes.
No dia seguinte, houve uma reação em cadeia de vários proprietários de pitbulls que se sentiram agravados por aquela coluna.
Um deles invoca o direito de resposta. Não tenho dificuldade nenhuma em concedê-lo:
“De acordo com o artigo 5º, inciso V, da CF, que diz ‘é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo’, eu quero o meu direito de resposta em relação ao artigo publicado pelo jornal Zero Hora no Blog do Sant’Ana, no dia 6 de maio deste ano (‘O sadismo dos pitbulleiros’). Me senti pessoalmente ofendida pelas graves acusações feitas pelo autor do artigo, que fez afirmações do tipo ‘o que o dono do pitbull pretende é afirmar-se com o medo dos transeuntes.
É a forma que ele encontrou doentiamente para se sentir superior aos outros. É de se ver o brilho perverso dos olhos dos donos de pitbulls carregando pela guia a sua fera amedrontadora. Eles não olham para seus cães, eles olham para as pessoas atemorizadas e sentem-se realizados’.
Sou médica veterinária e proprietária de um cão da raça pitbull. Não aceito que façam afirmações desse tipo. A Constituição Federal brasileira assegura a quem tenha se sentido ofendido o direito de resposta, e eu quero poder responder a essas acusações falsas.
Já deixei meus comentários no blog, mas não acho que isso seja o suficiente. Tenho direito a um igual espaço, e com igual destaque ao texto original que me ofendeu. Grata pela atenção. (ass.) Bárbara Nickel de Haro (babi.haro@gmail.com)”.
Esse direito de resposta exercitado acima só é legítimo se a sua signatária, médica veterinária, sai às ruas com seu cão pitbull sem focinheira.
Se ela, no entanto, mantém seu cão sob vigilância severa, sem ameaçar os seus vizinhos e sem levá-lo para as ruas sem a focinheira, não tinha o direito de resposta.
Porque a minha crítica contundente naquela coluna foi dirigida somente, como dá para ser entendido até pelos trechos de minha autoria extraídos pela remetente em sua mensagem, aos donos de pitbulls que morbidamente andam pelas ruas sem focinheiras em seus cães.
Não ofendi, não agravei quem possui pitbulls e cumpre a lei e o bom senso, não ameaçando ninguém nas vizinhanças e na ruas lançando ao convívio social as feras sem focinheiras.
Ninguém tem o direito de andar pelas ruas, por exemplo, com um tigre amarrado a uma guia e a uma coleira.
Os pitbulls se assemelham aos tigres, aos leopardos, aos guepardos, a todas as feras sanguinárias, como pode bem provar o noticiário policial dos últimos anos, quando inúmeras pessoas foram mortas ou mutiladas por cães dessa raça.
Foi farto o noticiário. Crianças e velhos, outras pessoas de várias condições, inclusive donos de pitbulls e seus filhos, foram atacados, mortos, dilacerados por feras dessa raça sanguinária e agressiva.
Pipocam todas as semanas nos jornais os ataques sangrentos, cruentos, de dar dó, dos pitbulls.
O que queriam seus donos, afinal? Que não repercutissem na imprensa esses morticínios?
Queriam o silêncio da imprensa diante da banalização insistente dos ataques dessas bestas?
Repito para ficar bem claro: não tenho nada contra os donos de pitbulls que colocam focinheiras em seus cães quando eles entram em convívio direto com a população.
Mas os que não têm esse cuidado e exibem suas bestas assassinas nas ruas para amedrontar as pessoas, sem focinheiras ou guias, estes são tão potencialmente assassinos quanto seus detestáveis cães.
E não têm direito de resposta os donos de pitbulls que botam focinheiras nos seus cães. Porque não foi a eles que dirigi minha contundente coluna daquele dia.
E, no caso da pessoa que me escreveu acima, acredito que uma médica veterinária não iria sair para a rua com seu pitbull sem focinheira. Então, se zangou sem motivo.
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