16 de maio de 2009
N° 15971 - ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
Decênio Heroico – 2
Causas militares - Quando havia guerra o império requisitava o braço dos antigos lidadores, estancieiros que tinham que fardar ás suas custas as suas tropas, armar os soldados, dar-lhes cavalo e gado para comer. Mas essa gente compunha tropas de milicianos, de segunda linha, com oficiais próprios.
Depois das guerras, na hora de repartir promoções, medalhas, títulos de nobreza ou sesmarias de terras, só se lembravam dos oficiais de primeira linha, o exercito imperial. Isso sem falar no aboletamento e requisições, quando o exercito do império acampava em qualquer estância – aboletava-se – comendo o gado do estancieiro e queimando os seus matos.
Bento Gonçalves da Silva era coronel de estado maior, ganhou quatro medalhas pela sua atuação na guerra da Cisplatina, mas, ao contrário de tantos não ganhou titulo de nobreza nem terras.
Causas políticas - Existiam no Rio Grande do Sul dois fortes partidos políticos: o Conservador e o Liberal. As lutas até nas ruas e não apenas em Porto Alegre eram violentas. Quando o exercito quis instalar aqui a famigerada Sociedade Militar, que lhe dava cobertura em suas reivindicações, a revolta atingiu o auge. De lado a lado, panfletários iracundos, violentos, publicando jornais que só acirravam o ódio entre os dois partidos.
Causas secretas – estas dizem respeito á formação e forte atuação de triângulos e lojas maçônicas, disfarçadas sob a capa de gabinetes de leitura. A maçonaria foi decisiva para fazer a guerra, decisiva em vários momentos do Decênio Heroico (fuga de Bento Gonçalves, Onofre e Corte Real, atuação de Garibaldi e de Lívio Zambeccari, várias tentativas de paz, sobretudo depois que Caxias assumiu o comando das forças do império, iniciação maçônica de Canabarro no Alegrete já no fim da guerra para que pudesse negociar com Caxias de irmão para irmão.).
Quer dizer, afirmar que só houve uma causa – o charque – para a eclosão do Decênio Heroico é de um primarismo atroz que não resiste ao menor exame.
Note-se que entre as causas não estava a república nem a independência do Rio Grande do Sul.
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