segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009



23 de fevereiro de 2009
N° 15888 - KLEDIR RAMIL

Motel temático

Você pode não acreditar, mas a única vez em que entrei num motel foi profissionalmente. Não, eu não cobro para fazer sexo. Era uma viagem a trabalho – para fazer show – e o melhor hotel da cidade de Taubaté, São Paulo, era um motel. Claro que é estranho receber a imprensa num lugar desses, mas o pessoal estava acostumado, todos os artistas ficavam hospedados lá.

No Rio de Janeiro, há uma região que ficou conhecida como o bairro dos motéis. Era um ao lado do outro, como as lojas do centro da cidade. De uns tempos pra cá, os hábitos mudaram e os motéis começaram a fechar. Os antigos prédios foram sendo transformados em casas de aluguel para festas de criança. Faz sentido. A produção foi tão intensa que a gurizada foi nascendo. E gurizada gosta de festa.

Uma coisa que me chama a atenção são os nomes dos motéis. Alguns fazem citações a músicas de Roberto Carlos: Detalhes, Emoções. Outros, usam referências tradicionais tipo Playboy, Eros ou Love Story. E há os grosseiros, com nomes de duplo sentido, que prefiro nem comentar.

Outro dia passei em frente a um que se anunciava como “Motel Temático”. Pensei: “Deve ser uma Disney do sexo”. Fiquei imaginando um parque com brinquedos e até mesmo uma montanha-russa. Cheia de russas peladas. Um trem fantasma com... esquece.

Comentei com um amigo, que é um expert em motéis, e ele me esclareceu que o “temático” é apenas na decoração dos quartos e nos figurinos, que ficam disponíveis no armário e estão incluídos no preço. Há suítes “1001 noites” com dosséis, véus, incensos, narguilés.

Você pode se vestir de Sheik de Agadir e sua parceira, de Sherazade. Se ela se entusiasmar e começar a dançar a dança do ventre, minha sugestão é que você peça para ela parar, a menos que tenha feito um curso. Uma cena dessas pode provocar risos e acabar com sua noite.

Há ambientes para todo tipo de fantasia erótica. Escola de Normalistas, Quarto de Enfermagem, Pequena Sereia, Oficina Mecânica... Isso mesmo, tem gosto pra tudo.

Na suíte Velho Oeste, você se fantasia de caubói, e ela, de Pocahontas. Há winchesters e pistolas de espoleta, um cavalo empalhado e, se você quiser figuração, a gerência providencia um grupo de índios Apaches. A caráter.

O problema desses motéis é você ficar brincando e esquecer o que foi fazer ali.

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