O CARTAZ DA GOVERNADORA
A mania do 'fora' fazia sentido durante a ditadura militar e pegou o trouxa do Collor. No fundo, deve ser influência do futebol que os brasileiros tanto amam. Se não estamos contentes com o desempenho do time, gritamos 'Fora, treinador' e tudo se resolve. Troca-se o Celso Roth pelo Tite ou, em caso de muito desespero, o Tite pelo Celso Roth e pronto. Essas verdades banais não justificam a pressão do governo pela retirada do material das ruas.
Esse tipo de intimidação não melhora o cartaz da governadora. Segundo um aliado do governo, Yeda é um trator manobrando delicadamente para tirar um elefante que fumou crack de uma loja de cristais. Essa história de que a campanha do Cpers e dos aliados é fascista ou lembra as táticas do nazismo é conversa de quem vê filmes demais sobre a Segunda Guerra Mundial. Boa parte das críticas dos sindicatos ao governo é pertinente.
O papo de déficit zero se inscreve perfeitamente na ideia dita nazista de que uma mentira (ou uma meia verdade) repetida à exaustão se torna verdade por inteiro. O governo passa a mensagem, com a expressão déficit zero, de que não deve mais, de que liquidou a dívida histórica e está com tudo em dia.
A publicidade é a arte da meia gravidez ou do meio estupro consentido. A verdade enfadonha seria falar em déficit zero nas contas do ano corrente, aceitando-se que um mísero empréstimo de 1 bilhão não deva ser contabilizado para não atrapalhar o raciocínio. Déficit zero não é dívida zero. Números são sempre subjetivos. As contas nunca são as mesmas para oposição e situação.
O Cpers ganharia mais em atacar só o flanco fraco do governo: a educação. A 'enturmação' foi uma medida 'revolucionária' para colocar mais alunos em menos salas de aula e fazer economia com a paciência dos professores e a impotência dos pais.
Não reconhecer piso como salário inicial e recorrer ao STF para contestar essa lei federal estabelecendo como salário-base a fortuna de R$ 950,00 foi uma demonstração de grande apreço pelo magistério. Cortar o ponto dos grevistas, o que não aconteceu em outras greves de funcionários públicos do mesmo período, é bater com o peru na mesa.
O Cpers poderia fustigar também a área cultural. A única secretaria 'imexível' é a da Cultura. Tramita na Assembleia um projeto do Executivo para transformar o Conselho de Cultura numa samambaia de plástico, sem poder de deliberação. Aí aparece o castilhismo autoritário de Yeda e da Leal amiga Mônica.
O governo tem razões e projetos. A sociedade tem direito de manifestar-se quando não está contente. Consta que Zorba, o grego, imortalizado como nome de cueca, definia democracia como o regime em que os governantes são obrigados a aceitar os insultos do povo desde que não infrinjam a lei.
Dizer que Yeda é a face da destruição pode ser de mau gosto e até falso, mas jamais ilegal. Nem o patético 'Fora, Yeda'. Apenas a palavra corrupção era um tanto pesada. Dançou.
juremir@correiodopovo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário