sábado, 14 de fevereiro de 2009



14 de fevereiro de 2009
N° 15879 - PAULO SANT’ANA


Plano Saci

Contando, ninguém acredita, mas acontecem coisas do arco-da-velha em nosso meio.

A leitora Cristina Emília Schüneman (cristinaemilias@yahoo.com.br), assinante de Zero Hora e fiel leitora desta coluna, residente em Panambi, associou-se a um plano de saúde, descontando em seu salário há cinco anos as prestações do plano.

Agora, por disposição genética, está enfrentando problemas com varizes em ambas as pernas.

Foi até o médico, que lhe prescreveu um exame denominado Ecodoppler Vascular.

Dirigiu-se até o plano de saúde para obter a autorização para o exame.

Qual não foi sua surpresa quando, no plano de saúde, lhe disseram que só autorizam o exame para um membro apenas.

Ou seja, só fornecem autorização para o exame radiológico de uma perna. Das duas, não.

Não estou publicando o nome do plano de saúde, um dos mais famosos e prestigiados, porque só tenho a versão de uma parte, não gostaria nem de fazer injustiça nem de arranjar incomodação.

Mas é risível. O que deve ter acontecido é que o plano tem um teto de cobertura para exames e esse teto deve ter sido superado em uma perna só. Se fosse submeter as duas pernas ao exame, ultrapassaria esse teto.

Mas isto é ridículo! Como é que uma pessoa só tem cobertura do plano de saúde para uma perna? E a outra perna?

Quando for com um oftalmologista, a pessoa só pode tratar de um olho?

E, quando for com otorrino, só pode tratar de uma narina?

Que negócio esquisito é este de saúde somente para uma metade do corpo?

Esses planos de saúde estão exagerando em suas exigências e nos limites que impõem a seus associados.

Imaginem a sensação dos segurados: “Metade de mim está segurada, se adoecer a outra metade, que se rale”.

Isto causa uma insegurança às pessoas que têm duas pernas, dois braços, dois ouvidos, dois olhos, dois rins, portanto as pessoas normais.

Imaginem, só uma perna pode ser tratada: a esquerda ou a direita.

A saúde no Brasil já estava em colapso. Agora, tratando as pessoas só pela metade, pobre do povo brasileiro.

Esse plano de saúde tinha de mudar de nome. Tinha que ser Plano Saci, só sai satisfeito quem tem apenas uma perna.

Eu acho a exigência desse plano uma idiotice: que custava fazer o exame nas duas pernas?

Até mesmo porque, se for por causa do preço dos exames, como eu suponho, a paciente poderia requerer exame para a perna esquerda, dali a 15 dias iria lá no plano e pediria autorização para exame da perna direita.

Mas não, a burocracia envenenada submete o paciente à humilhação de ver-se diminuído, constrangido, humilhado, só podendo examinar uma perna, quando as duas pernas estão com varizes.

É uma estupidez tão grande, que estou com vontade de publicar o nome do plano de saúde.

Ou, então, publico o nome do plano pela metade.

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