sábado, 24 de fevereiro de 2024


24 DE FEVEREIRO DE 2024

Namoro nas colônias italianas

As regras nos namoros retratam o pensamento e os costumes dos primeiros imigrantes italianos no Rio Grande do Sul. O rigoroso controle, é verdade, também ocorria em famílias de outras origens nos séculos passados. Talvez você viveu esse tempo ou ouviu histórias dos seus pais e avós.

A Est Edições publicou a terceira edição do livro Imigração Italiana no Rio Grande do Sul: Vida, Costumes e Tradições, de autoria de Rovílio Costa (in memoriam), Irineu Costella, Pedro A. Samale e Paulo J. Salame. Editado inicialmente em 1975, no centenário da imigração italiana no Estado, o texto permite um mergulho na vida dos antepassados na serra gaúcha. Com base em muitas entrevistas, conseguiram detalhar o cotidiano dos primeiros imigrantes e seus descendentes.

Entrevistado pelos autores, Antônio Fiori, natural da Toscana, relatou que "o namoro comportava distância e espaço entre os namorados". Nada de sentar juntinho ou ficar de braços dados.

O namoro era iniciado com consentimento dos pais, muitas vezes, em frente à janela principal da casa. A mãe, a avó ou outro membro da família sempre ficava por perto. O casal só podia andar de mãos dadas após o noivado. O primeiro beijo normalmente ocorria no casamento.

Outra entrevistada, Isabel Ferretto Gotardo contou que, no primeiro mês, o namorado só podia ficar 15 minutos na visita. Mesmo com o aumento do tempo nos meses seguintes, "a mãe estava sempre ao lado", e o beijo antes do casamento era "considerado pecado". Os namoros eram curtos.

O noivado era realizado na cerimônia da bênção das alianças, na igreja. Só razões fortes podiam quebrar um noivado, porque provocaria comentários na comunidade.

O casamento tradicionalmente era nos sábados, nas primeiras horas da tarde. Noivos saíam, em procissão, a cavalo, da casa da noiva até a cidade, acompanhados de padrinhos e convidados. Depois da cerimônia religiosa, regressavam para a festa na casa do noivo, onde muitas vezes o casal ficava morando alguns meses para "ambientação da nora com a sogra". O costume era o filho mais jovem permanecer na casa paterna e ficar com a herança dos pais.

LEANDRO STAUDT

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