segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024



26 DE FEVEREIRO DE 2024
OPINIÃO DA RBS

ATRASADO NA CORRIDA

O Censo Escolar 2023, divulgado na semana passada pelo Ministério da Educação, demonstra o quanto o Rio Grande do Sul está atrasado e tem de avançar na expansão do ensino em tempo integral na rede pública. Por trazer os dados de todas as 27 unidades da federação, o levantamento tem o mérito de, com informações atualizadas, permitir uma comparação do quadro gaúcho com o dos demais Estados e do Distrito Federal.

A expansão da rede com turno e contraturno vem se ampliando, é verdade. Mas está ainda bastante aquém do necessário. As posições do Rio Grande do Sul não são nada honrosas. No Ensino Fundamental, está na 22ª colocação. Somente 7,69% dos estudantes apareciam matriculados no ano passado em colégios de turno integral. É metade da média nacional (14,9%), também um nível longe de ser satisfatório.

O panorama é ainda mais desafiador no Ensino Médio. Na última etapa da Educação Básica, o Rio Grande do Sul tem a segunda pior posição, melhor apenas do que o Distrito Federal. Somente 6,54% dos alunos estão em escolas com turno integral, ante uma média nacional de 20%.

Os benefícios do ensino integral são conhecidos e comprovados. Um deles, por óbvio, é o de conseguir elevar o nível de aprendizagem dos alunos, além de oferecer outras atividades profissionalizantes, de esportes e cultura. Em especial em áreas carentes, ocupa crianças e jovens que, sem essa opção, poderiam estar expostos a más influências e à violência nas ruas.

Ampliar a rede de turno integral não depende apenas de vontade. É imprescindível ter escolas com infraestrutura adequada para receber alunos pela manhã e à tarde. Os colégios devem contar com quadras de esporte, refeitórios ampliados e outros espaços para demais atividades complementares. A burocracia tem sido um obstáculo para o governo gaúcho tocar obras nas escolas no ritmo prometido. Elevar o quadro de professores e funcionários também é precondição. Há custos envolvidos e as finanças gaúchas, apesar de os tempos de penúria extrema terem ficado para trás, não permitem um ritmo de investimento à altura das necessidades do Estado.

A rede pública estadual tinha em 2022 apenas 18 escolas de turno integral. O número saltou para 111 no ano passado e, em 2024, chega a 205, informa o governo gaúcho. A meta é chegar ao fim do segundo mandato do governo Leite, em 2026, com 50% das instituições com turno e returno. A ver se a promessa será cumprida. Na Capital, a prefeitura assegura que, até o final do ano, 100% das escolas terão contraturno.

Na Educação Infantil, por outro lado, o Estado é destaque nacional. É a segunda unidade da federação com maior percentual de alunos (45%) no ensino integral. Resta, portanto, um avanço significativo no Fundamental e no Médio para oferecer às crianças e aos adolescentes do Rio Grande do Sul a chance de uma aprendizagem mais sólida e uma formação mais completa como cidadãos. É o que pode fazer a diferença para o futuro. Tanto para o progresso individual, devido à ampliação de chances de melhor colocação no mercado de trabalho, como para o próprio desenvolvimento socioeconômico do Estado.

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