sábado, 24 de fevereiro de 2024



24 DE FEVEREIRO DE 2024
+ ECONOMIA

Temas de Haddad e a mulher mais poderosa da economia

Terminou a etapa diplomática do G20 no Rio de Janeiro, mas nos próximos dias, há outro encontro preparatório, desta vez com a participação de ministros de Finanças em São Paulo. Assim como o chanceler brasileiro Mauro Vieira foi o anfitrião da primeira etapa, caberá a um já assoberbado ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fazer as honras da casa.

Além de receber todos os participantes, Haddad terá reunião bilateral com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, que pode ser considerada a mulher mais poderosa da economia, tanto pelo orçamento que administra quanto pelo alcance global de suas decisões. Os dois têm uma dor de cabeça em comum: o pesado déficit nas contas públicas. 

Se Haddad respira um pouco mais aliviado depois da arrecadação recorde de janeiro, sabe que o jogo da meta de déficit zero está só começando. Nos Estados Unidos, o recorde é da dívida que Yellen tenta administrar, fruto de sucessivos déficits primários. Em janeiro, o endividamento americano chegou a inéditos US$ 34 trilhões, cerca de 120% do PIB.

É verdade que Yellen tem o poder de rodar a máquina de dólares que Haddad não tem, mas a dívida americana, que sempre foi alta, chegou a um nível que começa a provocar inquietações, além de recorrentes polêmicas parlamentares, para elevar teto sob pena do shutdown - a paralisação de serviços públicos.

Outra preocupação comum dos dois ministros de finanças (guardadas as proporções das encrencas que administram e a nomenclatura dos cargos) é a inflação e o ritmo da redução do juro. Nos EUA, os preços médios cederam, mas ainda não o suficiente para dar conforto ao Federal Reserve (Fed, o banco central do país) para um corte mais afiado.

A grande expectativa é mais focada na necessidade de reduzir a remuneração dos títulos públicos americanos e reduzir a pressão sobre a dívida.

Há expectativa, ainda, de que Yellen fale uma palavra mágica: "friendshoring". É o deslocamento da produção para abastecer os EUA de outros países - leia-se China - para nações amigas. Até agora, o país de Biden tem focado mais no "onshoring", ou seja, levar a fabricação para casa. E entre os amigos, o México é bem mais beneficiado do que o Brasil.

MARTA SFREDO

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