terça-feira, 27 de fevereiro de 2024



27 DE FEVEREIRO DE 2024
NÍLSON SOUZA

Xarás

Não estamos entre os mais populares, mas formamos um grupo suficientemente numeroso para ocupar com exclusividade uma cidade do tamanho de Camboriú, em Santa Catarina. Acabo de descobrir que tenho mais de 100 mil xarás no país, 5 mil e poucos apenas no Rio Grande do Sul. 

Nunca pensei que éramos tantos, pois, nos ambientes coletivos que frequentei ao longo da vida, sempre eram raros os que atendiam pelo meu nome de chamada: ao que lembro, apenas um no Ensino Médio, outro na minha turma da Aeronáutica, um terceiro no meu time de futebol amador e quatro nas redações dos jornais onde exerci a maior parte de minha atividade profissional.

Pois agora o IBGE me proporciona a oportunidade de saber quantos patrícios foram registrados com este prenome que, segundo o Dicionário de Nomes Próprios, significa "filho do campeão" ou (minha definição romântica preferida) "filho da nuvem". Os Nilsons e todos os leitores e leitoras que tiverem curiosidade de saber quantos xarás foram registrados entre 1930 e 2010 podem facilmente consultar o site Nomes do Brasil, do IBGE, no endereço censo2010.ibge.gov.br/nomes.

É mais uma maravilha do Censo. Quando a gente lembra o trabalhão que os recenseadores tiveram para coletar dados e entrevistar algumas pessoas no ambiente de desconfiança e negacionismo do Brasil recente, dá vontade de aplaudi-los novamente. 

Não apenas por terem nos proporcionado curiosidades como essa dos xarás, que talvez sirva apenas para atenuar as agruras do cotidiano, mas também e principalmente pelas revelações sobre as próprias agruras: a quantidade de brasileiros residindo em sub-habitações, o número de lares sem esgoto e água tratada, informações preciosas sobre trabalho, segurança, educação, saúde, coisas que os governantes e legisladores precisam levar em conta na tomada de decisões sobre políticas públicas.

O Brasil traduzido em números é o retrato fiel de uma nação que, mesmo aos trancos e barrancos, avança para um futuro melhor. Já o Brasil traduzido em nomes tem curiosidades e descobertas para todos os gostos. Quem não vai querer saber, por exemplo, quantas pessoas têm o mesmo nome de seus afetos, de seus ídolos ou mesmo daquele político que apoia ou rejeita?

Tudo depende do que se quer procurar. Na minha pesquisa estendida, fiquei aliviado em constatar que 1.808 brasileiras atendem pelo nome de Esperança.

NÍLSON SOUZA

Nenhum comentário: