14 DE FEVEREIRO DE 2024
SEM ENERGIA NA UFRGS
Apagão provoca danos em pesquisas
A interrupção no fornecimento de energia no Campus do Vale da UFRGS, em Porto Alegre, por pouco mais de um dia, afetou pesquisas e levou vários professores e pesquisadores a ir às pressas durante o feriado ao local para tentar salvar, na escuridão, o que restou de animais, plantas e amostras.
A falta de energia desligou equipamentos, iluminações e refrigeradores na tarde de segunda-feira e foi restabelecida ontem.
Os investimentos compreendem cifras ainda em avaliação. A interrupção do fornecimento na linha de transmissão da CEEE Equatorial que atende o campus foi identificada por volta das 14h30min de segunda-feira, segundo a empresa. Conforme a CEEE, o motivo do problema foi a ruptura de dois cabos subterrâneos, ocorrida durante obra de escavação da empresa CPFL Energia, dentro do pátio de subestação da CPFL.
Em nota, a CPFL admitiu o erro: "Durante escavações para a obra de expansão da subestação Porto Alegre 6, houve a ruptura acidental de cabos, o que ocasionou a interrupção no fornecimento da linha de transmissão que atende a UFRGS. A empresa está empenhada em resolver a questão o mais breve possível".
O fornecimento foi restabelecido no fim da tarde de ontem, com um novo ponto de suprimento de energia. Em comunicado, a CEEE Equatorial disse que, "consciente da urgência da situação, não mediu esforços para o restabelecimento da energia, desde a última madrugada, trabalhando em conjunto com a universidade".
Em uma das pesquisas com perdas irreversíveis, morreram pelo menos cem frangos jovens devido ao calor. O Departamento de Zootecnia, onde os animais estavam, tem um gerador, mas não funcionou. Faltavam duas semanas para concluir a pesquisa sobre nutrição animal, que foi totalmente perdida. O prejuízo chega a R$ 150 mil.
- É um recurso que a gente consegue em colaboração. A gente vai precisar refazer o projeto agora do zero, sem esse recurso - conta Inês Andretta, professora da Faculdade de Agronomia.
Amostras
Há seis freezers no Laboratório de Ensino Zootécnico da faculdade com amostras e kits de análise que estavam descongelando aos poucos. Alunos e professores levaram as amostras para suas próprias casas na tentativa de salvá-las, mas muito foi perdido. Andretta estima perda de pelo menos R$ 250 mil apenas com kits de análise inutilizados.
A mestranda em Ciências Veterinárias Larise Lima, 38 anos, trabalha com zebrafish, espécie de peixe de pequeno porte muito sensível. A criação estudada por Larise vive em água destilada com reconstituição de sais, em temperatura controlada de 28ºC. Sua reprodução depende da exposição à luz por 14 horas ao dia, mas o cardume ficou mais de um dia na escuridão.
O ciclo reprodutivo dos peixes foi perdido, assim como um mês de trabalho da mestranda. Ela corre o risco de perder sua pesquisa de mestrado e ter que procurar parcerias com outras universidades. Os peixes também sofrem com a falta de oxigenação das bombas. Os menores conseguiram passar mais tempo sem a oxigenação. Nos tanques com peixes maiores, oito já haviam morrido, e os outros davam sinais de asfixia.
O prejuízo dos pesquisadores se estende para todas as faculdades do Campus do Vale e está na casa dos milhões de reais, diz o vice- diretor da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Paulo Vitor Dutra. As perdas totais ainda estão sendo contabilizadas.
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