Nos jardins da Cúria Metropolitana
Um recital de final de ano vai brindar o público com um concerto especial nos jardins da Cúria Metropolitana (foto), um oásis de paz e tranquilidade em pleno centro da Capital - e ainda pouco conhecido da população. O evento será nesta quinta-feira, de graça e aberto à comunidade, a partir das 19h.
Além de marcar o encerramento do projeto Visitas Culturais 2023, que levou 680 pessoas a passeios guiados pelos templos da cidade, o evento vai celebrar os 135 anos do prédio histórico e os 75 anos da PUCRS.
A comemoração em dose tripla terá como trilha sonora uma seleção de composições de músicos como Bach, Händel, Mozart e Vivaldi. As árias sacras serão entoadas por Raquel Flores (soprano) e Carol Braga (mezzo-soprano), acompanhadas do pianista Rodolfo Wulfhorst.
Das janelas do edifício, o Coral da PUCRS cantará músicas de Natal. Vale a pena assistir. Anota aí: a Cúria fica na Rua Espírito Santo, nº 95.
Oportunidade histórica perdida
O presidente Lula já havia dado o recado. Em setembro, em meio à pressão para que indicasse uma jurista negra à vaga aberta com a saída da gaúcha Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF), ele avisou: não pretendia se pautar pelo critério de gênero nem da cor da pele para escolher o nome substituto. Foi um balde de água fria na militância e em quem defende maior diversidade nos cargos de poder, em um país múltiplo como o nosso.
Ontem, a decisão se confirmou, e Lula perdeu uma oportunidade histórica.
Ao escolher para a função o ministro da Justiça, Flávio Dino, seu amigo pessoal, ele reduziu a presença feminina na Corte. A partir de agora, haverá apenas uma ministra - Cármen Lúcia - entre os 11 membros do STF.
A indicação ainda precisa passar no crivo do Senado, mas, historicamente, não há reveses. A opção presidencial costuma ser aprovada.
No primeiro semestre, o presidente já havia definido seu advogado particular, Cristiano Zanin, para primeira a vaga aberta neste ano. Foi um erro.
Agora, mais uma vez, opta por um aliado. Ainda que Dino seja qualificado, com longa e respeitada carreira jurídica e formação sólida, enfrentará as mesmas críticas que Zanin pela proximidade com o presidente.
Além disso, com a escolha dele para a vaga de Rosa, a representatividade feminina ficará em apenas 9% na Corte. A título de comparação, é a segunda mais baixa da América Latina, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, atrás apenas da Argentina.
Se as mulheres são mais da metade da população brasileira, é mais do que justo que dividam os espaços com os homens, inclusive nos tribunais, como já escrevi aqui. Quanto à cor da pele, em 2022, 10,6% dos brasileiros se declararam pretos ao IBGE e 45,3%, pardos. Já passou da hora de todos terem direito a representatividade. Bons nomes não faltam.
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