Lula não deve ir à posse; Bolsonaro confirma
O assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse ontem ao jornal O Globo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve comparecer à posse de Javier Milei. Amorim afirmou que "o Estado brasileiro estará representado" mas que acha "difícil" que Lula participe da cerimônia pois foi "ofendido pessoalmente" por Milei durante a campanha.
Milei chamou Lula de "corrupto" durante uma entrevista enquanto candidato. O presidente brasileiro não chegou a comentar publicamente a disputa no país vizinho, mas o PT apoiou formalmente Sergio Massa.
No domingo, logo após a proclamação do resultado, Lula divulgou nota na qual desejou sorte ao novo governo, sem citar Milei. Também ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, afirmou que a iniciativa do primeiro contato entre os dois presidentes deve partir de Milei e alegou que o argentino deve desculpas a Lula:
- Cabe a ele, num gesto como presidente eleito, ligar para se desculpar. Depois disso, eu pensaria na possibilidade de conversar.
Uma das possibilidades em análise é de que o vice-presidente Geraldo Alckmin represente o governo na posse. Enquanto isso, Milei e Jair Bolsonaro conversaram ontem por telefone. Uma foto dos dois em uma chamada de vídeo foi divulgada pelo ex-presidente.
Convite
Na ocasião, Bolsonaro foi convidado para a posse. Os dois são ideologicamente próximos e se apoiaram em suas campanhas. Questionado mais tarde pela Folha de S.Paulo, Bolsonaro confirmou que deve ir à Argentina.
- Se o Lula fosse, ficaria difícil. Mas como o Lula não vai, não deve ir, as coisas ficam mais leves - alegou ele.
Massa decide ficar no cargo; início da transição é adiado
Derrotado no domingo por Javier Milei, o atual ministro da Economia, Sergio Massa, deve permanecer no cargo até a posse do novo presidente, em 10 de dezembro. O dia pós-eleição começou sob fortes rumores de que ele deixaria a função. Segundo o jornal Clarín, a decisão de ficar foi anunciada durante uma reunião com a equipe econômica.
A expectativa era que a renúncia de Massa ocorresse após um encontro entre Milei e o atual presidente, Alberto Fernández. No entanto, a reunião, que daria início ao processo de transição, foi adiada e, até ontem, não tinha uma nova data para acontecer.
Segundo a imprensa local, o adiamento teria ocorrido porque Milei não quer que o encontro aconteça na Casa Rosada, sede do governo, e tampouco na Quinta de Olivos, residência oficial da Presidência, conforme prevê o protocolo. Fernández, porém, não aceitaria outro local.
Outro motivo do impasse seria a declaração feita por Massa no domingo, após a confirmação do resultado da votação, de que, a partir de segunda-feira, "a tarefa de fornecer certezas e transmitir garantias sobre o funcionamento político, social e econômico da Argentina é responsabilidade do presidente eleito".
Crítica
Em uma das entrevistas que concedeu durante o dia de ontem, Milei criticou a possível demissão de Massa e disse que ele "deveria assumir o controle do desastre que causou a nível fiscal e monetário".
- O que o ministro Massa fez é surpreendente. Tirar uma licença depois de criar um desastre econômico para tentar ganhar uma eleição? Além disso, ele me acusa dos problemas que ele mesmo causou durante o último ano e meio - disse.
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