segunda-feira, 13 de novembro de 2023



13 DE NOVEMBRO DE 2023
+ ECONOMIA

Ministra confere inovação gaúcha

Com uma programação de dois dias no Estado, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos, vai visitar Marcopolo e Randon, em Caxias do Sul.

Sua primeira visita ao Rio Grande do Sul inclui ainda uma visita à estatal de produção de chips Ceitec, em Porto Alegre, cuja retomada acaba de ser formalizada.

Hoje, o primeiro compromisso de Luciana no Estado é a 2ª Feira Brasileira do Grafeno, realizada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). A ministra almoça na Marcopolo e, à tarde, visita o Centro Tecnológico Randon (CRT). Amanhã, irá à Ceitec.

A retomada da Ceitec demorou mais do que se previa no início do ano, e ainda tem desafios a vencer. O valor de investimento anunciado pela ministra até agora, de R$ 110 milhões, é modesto perto das necessidades para encontrar um nicho de mercado viável, que assegure a sustentabilidade da "fábrica de chips" gaúcha.

O fato de a estatal ter sido extinta justo quando o mundo viveu uma dramática escassez de semicondutores e a indústria nacional ter se mobilizado - até agora, sem resultado -, para atrair investimentos no segmento no Brasil, ajudam a justificar a retomada. Para que não seja simplesmente uma inversão de curso ao sabor das políticas de governo, será preciso provar que a Ceitec é capaz de deixar para trás a noção de que é uma estatal que "fabricava Fuscas enquanto o mundo dirigia BMWs" e será capaz de entregar soluções que ajudem o Brasil a reduzir sua dependência de importação.

Na Feira do Grafeno, a ministra vai conferir tanto tecnologias já desenvolvidas e com resultados - um dos casos mais populares são os tênis com placa feita com o material fabricados pela Vulcabras, com apoio da UCS - quanto novas aplicações para esse material que é promissor e tem muita atenção de instituições e empresas gaúchas.

Ataque ao maior banco do mundo

Às vésperas de reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o da China, Xi Jinping, uma unidade de Nova York do maior banco do mundo, o chinês ICBC, sofreu ataque hacker. Eventual impacto no mercado de US$ 25 trilhões de títulos dos EUA, os Treasuries, foi negado pela secretária do Tesouro, Janet Yellen. Sem contar eventuais efeitos geopolíticos, o episódio levantou a dúvida: se nem o maior banco do mundo está protegido, quem está?

ANTONIO BATISTA Presidente da Fundação Dom Cabral

A Fundação Dom Cabral (FDC) é uma escola de negócios que, ao longo de 47 anos, tornou-se referência nacional e internacional. No Rio Grande do Sul, atua há 25 anos em parceria com a Cedem. Foi para marcar essa data que o presidente-executivo da fundação, Antonio Batista da Silva Junior, esteve em Porto Alegre. O novo ciclo da FDC considera que, se as empresas não forem além do lucro por convicção ou conveniência, será por coerção da sociedade.

Qual o papel das empresas?

Vêm assumindo um papel que tipicamente não era delas, o governo entregava. Hoje, é preciso cuidar de diversidade, inclusão, sustentabilidade. A empresa que vai sobreviver no século 21 será a que obtiver legitimidade de sociedade. A empresa está deixando de ser apenas um agente de promoção e produção econômica, como aprendi nas décadas de 1980 e 1990, para ser um agente de promoção do bem-estar social. 

Tem de gerar performance, com retorno para o acionista, no modelo shareholder (detentores de ações), mas também tem de gerar progresso para a sociedade, o stakeholder (detentores de interesse). Não há empresa que sobreviva em ambiente degradado. Os executivos que foram treinados para entregar só resultados agora precisam trazer progresso para a sociedade. A carreira deles depende disso, o que é um fato novo.

É preciso convencer, não?

O executivo vai ter de se transformar com a empresa, seja por convicção ou por conveniência. O melhor mecanismo é a convicção, perceber que é necessário. Mas por conveniência vale. Se não, a sociedade vai coagir a mudar. Todas as empresas vão passar por crises, e vamos ver quais a sociedade vai abraçar, e quais vai empurrar. As que serão abraçadas serão as que a sociedade legitima, que têm causa, propósito. Não se faz mais só produtos e serviços, empresas têm de ajudar a resolver problemas da humanidade.

Existe muita resistência?

Sim, porque não se muda do dia para a noite convicções arraigadas por décadas. No Brasil, temos uma sociedade criativa, inteligente, e um mundo corporativo muito competente. Apesar das crises, dos governos, da competição internacional, esse segmento produz, faz o país crescer. Mas temos problemas graves, como a questão social, para a qual não podemos mais fechar os olhos. O Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo e entre os 10 países mais desiguais, o que é uma contradição que não cabe mais no século 21.

Empresários não questionam assumir responsabilidades de governo se pagam impostos?

Respondemos que são duas agendas. A empresa não pode abrir mão de ser produtiva, competitiva, lucrativa e profissional. Se não tiver isso, não sobrevive para entregar a outra parte. Se não cuidarem eficientemente das duas agendas, vão desaparecer, e diria que nem merecem sobreviver.

Existem as que dizem que só sobreviver já é um desafio.

Sabemos que a sobrevivência é uma questão vital, uma luta diária, em um ambiente econômico que não favorece, com leis muito complexas, tributos excessivos e complexos. Mas por que algumas empresas são bem-sucedidas e outras não? Gestão, qualidade da gestão, capacidade de se adaptar. Crise sempre vai existir.

MARTA SFREDO

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