25 DE NOVEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
DE VOLTA PARA CASA
Após o horror e a dor produzidos pelo ataque terrorista do Hamas a Israel, é preciso reconhecer que existe grande alívio com a confirmação de que inocentes mantidos como reféns estão voltando para os seus familiares. O cessar- fogo acordado entre Israel e a facção terrorista palestina, intermediado por Estados Unidos e Catar, permitiu a libertação na sexta-feira de 24 pessoas sequestradas no trágico 7 de outubro. Foram 13 israelenses, 10 tailandeses e um filipino libertados, na maioria mulheres e meninas.
Como parte da negociação, que também prevê a paralisação temporária das hostilidades na Faixa de Gaza, Israel soltou 39 palestinos que estavam detidos no país desde antes do começo do conflito.
Aguarda-se que, nos outros três dias previstos de trégua, o maior número possível de capturados pelos extremistas do Hamas durante o ataque bárbaro contra o território israelense no mês passado possa retornar para casa. Acordos do gênero podem causar dúvidas e hesitação, por terem também como consequência a possibilidade de os terroristas, até então sob forte pressão da resposta militar, se reorganizarem para em seguida voltarem ao combate mais fortalecidos e com maior capacidade de resistência.
Negociar com terroristas, ainda mais após tamanha selvageria, é um exercício sempre envolto em dilemas acerca de princípios. Da mesma forma, é possível que parcela da ajuda humanitária que ingressou em Gaza para atender às primeiras necessidades de palestinos também inocentes acabe nas mãos dos radicais.
Mas não há dúvida de que, ao pesar prós e contras, é um imperativo moral buscar as formas admissíveis de libertar reféns. Além de executar o maior assassinato de judeus desde o Holocausto, o Hamas sequestrou cerca de 240 pessoas. Uma parte, possivelmente, perdeu a vida ao longo dos dias de conflito na Faixa de Gaza. Nem todos serão recebidos de volta em seus lares, portanto.
Mas, se ainda restam sequestrados em cativeiro e a ofensiva militar não foi capaz de libertá-los, é responsabilidade do governo israelense tentar resgatá-los pela via da negociação. Não haveria como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apontado como um dos responsáveis pelas falhas de segurança que permitiram o morticínio perpetrado pelo Hamas, deixar de ser sensível aos protestos e apelos dos familiares por esforços do governo para libertar seus entes queridos.
Reina grande expectativa de que o cessar-fogo chegue aos resultados humanitários esperados. Potencialmente, pode atenuar as dificuldades dos civis que estão em Gaza e não integram o grupo terrorista. Mas trata-se de uma trégua temporária delicada, que pode ser suspensa diante da mínima atitude irresponsável ou de qualquer incidente inesperado.
Interlocutores internacionais ainda tentam ampliar o tempo do acordo, o que, se espera, poderia levar a mais libertações e a uma interrupção na escalada do número de mortes nos combates no enclave antes dominado pelo Hamas. O previsível, no entanto, é que nos próximos dias a guerra recomece, por enquanto sem qualquer prognóstico de encerramento e de um futuro acordo que leve à construção de uma convivência pacífica de Israel com um Estado palestino.
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