sábado, 18 de novembro de 2023

16/11/2023 - 19h47min
MARTHA MEDEIROS

Somos fundamentalmente importantes para oito ou 10 pessoas: é triunfo suficiente

Dá muito trabalho querer ser visto como alguém extraordinário. Para quê? Nem lembramos quem ganhou o Oscar ano passado

Gilmar Fraga / Agencia RBS

A felicidade é medíocre? Não é criativa, nem genial? Pode ser. Mas ela traz, como se sabe, um benefício que coloca a humanidade de joelhos: pessoas felizes não chateiam.

Para alguns, felicidade é a uma rápida trégua entre uma tempestade e outra. Não discordo totalmente, mas sou mais otimista: acredito que é possível sentir um bem-estar pleno e constante, desde que se entenda que medos, incertezas e dores são comuns até quando a gente está bem.

Vesti o colete que traz a frase: como posso ajudar? Lá vou eu.

Para início de conversa, aceite a própria insignificância, sem surtar. Dá muito trabalho querer ser visto como alguém extraordinário. Para quê? Nem lembramos quem ganhou o Oscar ano passado. Somos fundamentalmente importantes para oito ou 10 pessoas: é triunfo suficiente.

A história de cada um é sua própria obra de arte. Posses, amores e viagens a valorizam, mas ser gentil basta. As melhores coisas são de graça. Banho de sol, banho de mar, caminhar, dormir, conversar com os amigos, ouvir música, beijar, estar com os filhos. Você pode fazer tudo isso em Honolulu, mas já viu o preço das passagens?

Aliás: dinheiro traz felicidade, sim. Desde que seja dinheiro seu. Ganho com seu trabalho, com suas ideias. Parasitar é cômodo, mas esvazia o significado da existência. E, dependendo do método usado, pode render uma tornozeleira eletrônica.

Recuse confrontos. Se for ao estádio, torça aos berros pelo seu time, mas sem bater boca à toa. Semana que vem já tem outra rodada. Não busque a aprovação dos outros. Não bajule nem queira ser bajulado. É humilhante depender da aceitação de estranhos.

Entenda o mundo em que vive, não apenas o que acontece na sua bolha. Leia, pesquise, se interesse pelo que ainda não conhece. Termine o dia com uma informação nova, com uma visão que ainda não tinha: evoluir tem sido um prazer subvalorizado, mas o resultado nunca desaponta.

Não desmaie antes de tontear. Não sofra antes de doer. Não celebre antes de ganhar. Mantenha-se aqui, no fascinante agora. Gratifique-se com pequenas delicadezas. Ofereça-se para prestar um favor. Passe batom, mesmo que não vá sair. Faça seu mapa astral para 2024. Compre flores para a sala. Tome um suco de cajá ou uma taça de espumante. Leia um poema por dia. Seja verdadeiro e nunca será desmascarado. 

Cultue as soluções, não as dificuldades. Não lute contra sua energia vital, é um desgaste inútil. Consuma coisas boas em vez de porcarias (vale para shows, livros, postagens). Lembre-se: paz não significa ausência de conflito, e sim estar em meio ao conflito sem perder a calma. Adicione doçura ao organizar suas memórias. Tenha coragem – nunca vi um covarde satisfeito.

A felicidade é medíocre? Não é criativa, nem genial? Pode ser. Mas ela traz, como se sabe, um benefício que coloca a humanidade de joelhos: pessoas felizes não chateiam.

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