quarta-feira, 25 de abril de 2018


25 DE ABRIL DE 2018
ARTIGO

MUITO ALÉM DE UM PROBLEMA DE GESTÃO


"Saúde é direito de todos e dever do Estado." É o que diz a Constituição Federal brasileira de 1988 quando criou o Sistema Único de Saúde (SUS). A partir dessa data, começaram a ser construídos seus princípios norteadores: integralidade, equidade, acessibilidade, universalidade. Atualmente, 150 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS para o atendimento e, mesmo assim, há dúvidas sobre sua relevância para a sociedade.

Acontece que o SUS foi estruturado a partir de um modelo de gestão que evidenciava a falta de profissionalismo e um sucateamento, no sentido empírico de dizer, em relação aos gastos abusivos. Com o passar dos anos, houve uma evolução na padronização dos estudos de custo e efetividade na medicina, fazendo com que em três décadas de sistema ocorressem alguns desperdícios vulgarmente chamados de falta de gestão, porém, vai muito além disso, é um problema de cultura dentro das organizações. Hoje já existe um sistema de controle de custeio que mostra fielmente o que se gasta e qual é a margem que se deve ganhar em determinados procedimentos.

É inegável que o SUS deve ser reestruturado, mas jamais ser suprimido em um país como o nosso, em que quase 80% da população é dependente do programa. Porto Alegre ainda é beneficiada, indo contra a realidade do restante do Brasil, já que aqui 50% o utilizam. Precisamos rediscutir o SUS na perspectiva de gerar melhorias em financiamento, modernização, mão de obra qualificada e, sobretudo, ferramentas de gestão. É necessário ter profissionais multidisciplinares para desenvolver-se a cultura de controladoria e análise e, assim, o administrador terá conhecimento sobre o melhor custo-benefício em sua decisão.

Falta consciência sobre o que realmente é necessário em um hospital. O sistema de saúde é dividido entre atenção primária, secundária e terciária e refere-se a um conjunto de elementos hierarquizados que demanda por educação em saúde. Só sendo visto como um sistema com sintonia entre as partes, será possível ter eficiência no processo ou, do contrário, com a sua não manutenção, teremos um profundo retrocesso afrontando a população e tratando o cidadão como indigente.

CLAUDIA ABREU

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