23 DE ABRIL DE 2018
ARTIGO
DIA MUNDIAL DO LIVRO
O23 de abril é daquelas datas comemorativas merecedoras dos mais efusivos saudares, como diria meu inesquecível tio Zalã. Mas não basta celebrá-la. Reverenciá-la é preciso. Asseguro: quem dedica parte do tempo livre à boa literatura desconhece o tédio. Depara, para o bem e para o mal, com tudo o que é próprio da condição humana. Ler nos induz à humildade: é duro nos confrontarmos com grandes ideias nunca por nós imaginadas.
Ando obcecada pela história das amigas Lenu e Lila, descrita com maestria por Elena Ferrante, autora da tetralogia napolitana iniciada com A Amiga Genial. A escritora é dos maiores nomes da literatura contemporânea, segundo público e crítica. Há também seus romances de um só volume, como Dias de Abandono. Retrata a história de uma mulher largada pelo marido com dois filhos pequenos e um cachorro. E, triste realidade, sem emprego.
Olga, a protagonista, descreve em detalhes, sem ser prolixa, e com espantosa crueza, o seu sofrimento, o abandono de si mesma, a negligência com os filhos. Aos poucos, vai recusando o papel de pobre coitada, o desgraçado destino das personagens femininas dos romances de sua juventude. Indico fortemente a leitura às amigas separadas, tal a reflexão que a voz torrencial de Ferrante é capaz de provocar.
Por falar em livros, há pouco, em outro Dia Internacional, no da Mulher, recebi e-mail que julguei ter lido rápido demais, e me empolgado em vão. Li, reli: determinados livros estavam sim, no 8 de março, com inacreditáveis 50% de desconto naquela livraria. E não me refiro aos de autoajuda, mas aos de literatura. Isso, sim, uma promoção de verdade, e só para nós, mulheres! Corri à loja física e me assustei com as filas quilométricas. Sentei em um banco, entrei no site, e investi em meus autores preferidos. Retorno garantido.
Já sei como comemorar o Dia Mundial do Livro. Mas não só essa data tão especial. Quantos outros dias seriam bem mais prosaicos não fossem as páginas e mais páginas escritas com inteligência, talento e esmero para deleitar, fazer refletir e provocar os ávidos leitores?
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