quarta-feira, 11 de abril de 2018



11 DE ABRIL DE 2018
OPINIÃO DA RBS

UM CUIDADO NECESSÁRIO

É preciso evitar que os recursos obtidos a partir de um patrimônio tão significativo para os gaúchos, como o Banrisul, possam ser consumidos por gastos de custeio

Avenda de ações do Banrisul, realizada ontem, não chegou a alcançar a expectativa inicial de R$ 500 milhões, mas superou o preço mínimo, o que demonstra a confiança dos investidores na instituição. Diante desse reforço imediato para o caixa do setor público, é preciso evitar que os recursos obtidos a partir de um patrimônio tão significativo para os gaúchos possam ser consumidos por gastos de custeio. É importante que sejam destinados para investimentos, com o máximo de transparência perante os contribuintes.

Ano eleitoral exige atenção especial, pois o uso do dinheiro extra precisa ficar imune também a pressões políticas, com tendência de se acentuarem nessas épocas. O maior risco nesse momento, porém, é de que a alternativa seja a de destiná-lo para a folha salarial dos servidores, que vem há alguns meses sendo cumprida com dificuldade. Seria inadmissível que isso ocorresse num Estado carente de verbas para financiar ações básicas demandadas pela população e às voltas com uma crise bilionária.

É claro que, se tivesse optado pela privatização, como vinha sendo aconselhado em Brasília, o governo gaúcho teria hoje um reforço financeiro muito mais consistente. Como a opção foi pela venda de ações preferenciais, sem direito a voto, o controle da instituição financeira continuará estatal, o que reduz as margens para críticas à alternativa. Ainda assim, é necessário que haja o máximo de clareza sobre como serão usados os ganhos registrados no leilão em bolsa de valores. Os cidadãos têm o direito de serem inteirados sobre o uso de recursos públicos e também o dever de fiscalizar sua aplicação.

O resultado da venda de ações do Banrisul precisa motivar o Estado a persistir num acordo de recuperação fiscal adequado com a União, que acene com a perspectiva de equilíbrio financeiro mais à frente. O Rio Grande do Sul não pode continuar indefinidamente à espera do que entra de recursos da arrecadação no caixa público simplesmente para pagar servidores insatisfeitos não apenas com o valor de seus vencimentos, mas também com a forma como os vêm embolsando.

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