10 DE ABRIL DE 2018
OPINIÃO DA RBS
AS ELEIÇÕES E A ESTABILIDADE
Mesmo em um governo desgastado, é fundamental governar até o último dia com responsabilidade,
sem espaço para aventuras que ameacem a já combalida saúde financeira dos cofres públicos
Preocupantes em qualquer área, as trocas de homens públicos impostas pelo calendário eleitoral exigem atenção especial no Ministério da Fazenda. Com a saída do ministro Henrique Meirelles para concorrer no pleito de outubro, é preciso que seu sucessor possa contar com o apoio necessário para resistir às pressões por gastos, típicas de anos eleitorais, ainda mais em um governo com baixíssima popularidade. Independentemente de quem se mantiver no comando da política econômica a partir de agora, o ajuste fiscal precisa ser preservado. É necessário dar continuidade também ao calendário de privatizações como a da Eletrobras. São gestos que indicam uma preocupação com o equilíbrio financeiro e emitem sinais positivos para os investidores.
Às voltas com uma crise fiscal e com dificuldade de empreender uma retomada consistente do setor produtivo, o país não pode permitir que o déficit público assuma proporções de descontrole. O risco de inviabilização dos planos de quem assumir o comando a partir de janeiro do próximo ano seria grande, com prejuízos para todos os brasileiros. Durante a gestão do ministro que deixa o cargo, a inflação caiu e a economia deu sinais de retomada, ainda que tímidos, mas não foi possível enfrentar o desequilíbrio das contas públicas, mantendo-o em níveis aceitáveis. Por isso, a questão é prioritária.
As mudanças ocorridas agora envolvem de secretários estaduais a ministros, passando por prefeitos e governadores, que precisaram deixar seus cargos para poder fazer campanha. Esse troca-troca, registrado em períodos eleitorais a cada dois anos, não pode representar mais um sobressalto na já atribulada gestão do setor público. Não interessa ao país e ao Estado uma margem ainda maior para polarização, que acaba dificultando um debate mais objetivo sobre questões essenciais, como as adiadas reformas estruturais.
Num cenário em que se amplia consideravelmente o número de vices e de interinos, o interesse público deve ser o norte de quem assume, para evitar que a crise política e econômica possa se intensificar ainda mais até o final do ano. Mesmo em um governo desgastado, é fundamental governar até o último dia com responsabilidade, sem espaço para aventuras que ameacem a já combalida saúde financeira dos cofres públicos.
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