domingo, 8 de abril de 2018

Huck completa 18 anos de Globo e reforça lado social do Caldeirão

Apresentador leva ao ar neste sábado (7) segundo 'Especial Inspiração'  

Ao completar 18 anos no ar em 2018, o Caldeirão do Huck celebra a chegada à maioridade com espaço nobre dedicado ao social. 

Neste sábado (7), sobem ao palco do programa comandado por Luciano Huck cinco brasileiros que não costumam ser atração principal em programas de auditório na TV aberta.
Estarão na frente das câmeras, por exemplo, a mãe de uma criança com microcefalia causada pelo vírus da zika que criou ONG para apoiar outras famílias e uma empresária negra que aposta na tecnologia para ampliar mercado de trabalho para afrodescendentes. 
Elas são duas das cinco histórias finalistas da segunda edição do "Especial Inspiração", quadro criado no ano passado. 
“Vamos aplaudir gente que vocês nunca ouviram falar, cinco brasileiros que com muito pouco têm feito muito por suas comunidades”, disse o apresentador logo na abertura do programa gravado em março, diante de uma plateia estrelada.
“Em meio ao tsunami de notícias ruins, teremos um oásis de bons exemplos”, completou o apresentador. Huck desistiu da ideia de se candidatar à Presidência da República, depois de declarar que havia chegado a hora de sua geração ocupar espaços de poder.
Ocupante da grade dos sábados da Globo desde 2000, Huck pôs também o crachá de empreendedor social (é fundador do Instituto Criar), para convidar 20 curadores ligados ao terceiro setor e a organismos internacionais, como o Unicef, para indicar potenciais homenageados. 
Das indicações foram pinçados cinco nomes de agentes de transformação em áreas como saúde, ambiente, educação e exploração sexual de crianças e adolescentes no país, cada um deles apadrinhado por um famoso.

MÃES DE ANJOS 

A atriz Cláudia Abreu subiu ao palco para apadrinhar Germana Soares, fundadora da UMA (União de Mães de Anjos), que reúne mais de 300 famílias de crianças com a síndrome congênita causada pelo vírus da zika.
“Somos vítimas de um descaso público. Ter um filho com deficiência não nos faz menos mães nem menos mulheres”, disse a pernambucana, mãe de Guilherme, um dos 2.373 casos de bebês nascidos com microcefalia. 
Depoimento que emocionou a plateia e gerou reações como a de Nelson Sargento, sentado em uma das mesas recheadas de convidados VIPs, entre eles Juliana Paes, padre Fábio de Melo, Angélica e Glória Maria. “Ninguém consegue triunfar sozinho”, disse o cantor e compositor da Mangueira, ao ver os resultados da luta de mães que viraram referência nacional.  
No segundo bloco do programa, foi a vez de a Top Gisele Bündchen, em participação por vídeo, apresentar seu apadrinhado: Fábio Miranda, gestor de projetos em tecnologias sustentáveis do Instituto Favela da Paz. Entre eles, o Periferia Sustentável, que tem como foco implantar sistemas de energias renováveis. 
“É possível uma vida mais sustentável na periferia”, disse o morador do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo.
Fátima Bernardes subiu ao palco do Caldeirão para homenagear Willian Cortopassi, jovem cientista mineiro com PhD na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele perdeu o pai para o câncer na véspera de fazer vestibular, mas prosseguiu no sonho de encontrar a cura para a doença.
Graduado em química, ele usa a tecnologia de realidade virtual para pesquisar o comportamento das células.  “Precisamos manter estes cérebros aqui e não em Oxford ou na Califórnia”, disse Fátima Bernardes ao entregar o troféu ao bolsista da Fundação Estudar, que desenvolve pesquisas de ponta em centros internacionais. 

MARIELLE PRESENTE

O ator Milton Gonçalves também se emocionou ao entregar o troféu Inspiração 2018 para Maitê Lourenço, fundadora da BlackRocks Startups, para incentivar e ampliar o acesso de empreendedores negros ao mercado.  
“Se não fizermos algo, o mundo nos engole”, disse a jovem negra, que está “hacheando” o sistema por dentro, como definiu Huck.
Em meio à comoção pelo assassinato de Marielle Franco, a homenageada fez um discurso contra o extermínio de jovens negros nas favelas. “Estamos em luta. Perdemos uma referência enorme. Não vão nos calar.”
A fala foi o gancho para um número especial da Orquestra da Maré, formada por jovens do complexo de favelas onde nasceu Marielle. 
Com imagens da vereadora assassinada ao fundo, os músicos fizeram famosos e auditório entoarem o refrão do Rap Brasil: “Eu só quero é ser feliz/Andar tranquilamente na favela onde eu nasci/ E poder me orgulhar/ E ter a consciência que o pobre tem seu lugar”.
Do cenário de guerra do Rio de Janeiro, o programa mergulhou no drama de meninas abusadas e exploradas sexualmente no Amazonas, no quinto e último bloco do especial. 
A atriz Bella Pietro apadrinhou Amanda Ferreira, presidente do Instituto de Assistência à Criança e ao adolescente do Santo Antônio, que fez da ONG uma referência no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de exploração e abuso sexual em Manaus.   
“A história de Laura não é ficção é realidade”, disse a atriz em referência à personagem de ”O Outro Lado do Paraíso”, citando os 16 mil casos estimados de violência sexual contra adolescentes no Brasil a cada ano. 
“É importante termos esse tema neste palco, em um país que se construiu pela violência sexual. Temos que romper este ciclo”, afirmou Amanda, que lida com casos de meninas abusadas que se revitimizam diante de um sistema de proteção falido no Amazonas e no restante do país. “Ninguém cuida das feridas na alma destas meninas Eu cumpro essa missão.”
O Inspiração 2018, que vai ao ar a partir das 16h, terminou com uma lufada de esperança na voz de Nelson Sargento em duo com Maria Rita no clássico "O Sol Nascerá", de Cartola.
Eliane Trindade
É editora do Prêmio Empreendedor Social. Aqui, mostra personagens e fatos dos dois extremos da pirâmide social.

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