segunda-feira, 23 de abril de 2018


23 DE ABRIL DE 2018
ARTIGOS

A ANGÚSTIA E AS ALTERNATIVAS NA LUTA PELA DUPLICAÇÃO


Amobilização da zona sul gaúcha em torno da duplicação da BR-116, reforçada pelo número expressivo de participantes do encontro em Camaquã na sexta-feira que passou, é emocionante. A união em torno de uma causa justa continua a ser o caminho mais eficiente para sensibilizar quem pode resolver o assunto, nesse caso, o governo federal.

Quero dividir com o leitor os dois sentimentos que me invadem quando trafego pela nossa 116 nos últimos tempos: a angústia e a tristeza.

Tristeza por ver os trechos já quase duplicados a deteriorarem-se, ou os espaços vazios no lugar onde deveria haver uma segunda pista, que a desorganização administrativa e a corrupção tomaram de todos nós. Angústia, pela aventura perigosa de andar por uma estrada insegura e com tráfego que excede a sua capacidade.

Em Camaquã, o relato de quem teve entes queridos vitimados na 116 é uma dor que atinge a todos. O demonstrativo de perdas econômicas irreparáveis que a ausência da duplicação provoca deixa à vista o quanto a obra parada penaliza o Rio Grande do Sul.

Isso precisa, todavia, sensibilizar também quem estabelece os critérios orçamentários capazes de pôr fim a esse sofrimento.

É lamentável que não haja recursos equilibrados para a conclusão da segunda ponte sobre o Guaíba e para a 116. As verbas deveriam ser parecidas e suficientes. Não é aceitável que o orçamento da travessia seja expressivamente superior ao da estrada, pois pouco adiantará uma nova ponte, certamente necessária, sem uma rodovia já duplicada: ambas as pontes acabarão por convergir numa estrada de pista simples, superada e insuficiente. Entre as duas, a prioridade deve ser a estrada, pois é lá que os acidentes ceifam vidas.

Encontros como o de Camaquã mantêm a chama acesa. A mobilização da Zona Sul injeta gás à pressão por mais verbas para concluir-se a obra o quanto antes. Mas é preciso buscarem-se ainda outras saídas para abreviar os sofrimentos que nos acometem, reduzir a nossa tristeza comum e suprimir as angústias e dores que ainda é possível evitar. Entre elas, as parcerias público-privadas são alternativas ainda inexploradas. Por que não tentá-las?

EDUARDO LEITE

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