01 DE AGOSTO DE 2017
EDUCAÇÃO
DEMISSÕES E CORTES NAS UNIVERSIDADES PRIVADAS
CRISE ECONÔMICA DO PAÍS é a justificativa para os ajustes que marcam o começo do segundo semestre
A volta às aulas em algumas instituições particulares de Ensino Superior do Rio Grande do Sul neste segundo semestre será marcada pelo ingresso menor de alunos (em relação ao primeiro semestre), pela contratação de menos créditos e, mais uma vez, também pela demissão de professores. Assim como no ano passado, quando restrições ao financiamento estudantil e o aumento da inadimplência levaram as universidades a frear investimentos e buscar a redução da folha de pagamentos, readequações têm se mostrado necessárias novamente.
Apesar de o número de alunos matriculados ter se mantido relativamente estável, os centros de ensino apontam que o cenário econômico desfavorável leva muitos a buscarem mensalidades menores ? seja cursando menos disciplinas ou indo atrás de financiamentos. A demissão de professores foi a opção de algumas universidades na tentativa de estancar os efeitos da inadimplência e do número menor do que o esperado de alunos matriculados efeitos atribuídos à crise econômica. Em muitas, as rescisões ficaram em um patamar considerado dentro do padrão pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS).
A iniciativa de fazer cortes é relativamente normal nas instituições de Ensino Superior, algo próximo de 5% de reajuste no quadro de professores fica até dentro do esperado. Mas de uns três anos para cá, as demissões começaram a ocorrer também neste período de meio do ano ? afirma Amarildo Cenci, diretor do Sinpro/RS.
Lamentamos muito, porque isso acaba desorganizando o sistema, desqualificando o serviço. As instituições, quando passam por uma situação assim, fazem um ajuste por cima, demitindo aqueles professores que têm os maiores salários, que tendem a ser os melhores profissionais ? completa Cenci.
Levantamento feito pela consultoria educacional Hoper indica um aumento de 172% nas matrículas de alunos com Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no Rio Grande do Sul entre 2011 e 2015. Por outro lado, o mesmo estudo demonstra que o total de matrículas ? considerando também os alunos sem o financiamento do governo ? registrou aumento de apenas 3,77% no mesmo período.
Pode-se interpretar, a partir dos dados que, não fossem as alternativas de pagar a universidade, poderia haver queda significativa no total de estudantes matriculados nas universidades privadas do Estado. Os números do Censo da Educação Superior 2016 ainda não foram divulgados pelo governo.
EXPECTATIVAS FRUSTRADAS DE CRESCIMENTO DO PROUNI
Há universidades que veem como ?insustentável? manter seu quadro docente no mesmo patamar de anos de pujança, quando estava no auge a oferta de bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) e de matrículas via Fies.
Em 2014, havia uma perspectiva de crescimento do Ensino Superior em razão da política governamental que ofereceu financiamento pelo Fies. Mas depois veio a notícia de que o Fies não tinha mais recursos. Desde 2015, o ensino privado está experimentando uma queda na efetivação de matrículas ? explica o presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e reitor da Universidade de Passo Fundo (UPF), José Carlos Carles de Souza.
guilherme.justino@zerohora.com.br
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