sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017


Jaiome Cimenti

Precisamos de pontes não de muros 

Jaime Cimenti Em 9 de janeiro deste ano, faleceu, aos 91 anos, Zygmund Bauman, o grande pensador da modernidade. Autor de dezenas de livros, em especial o best-seller Amor líquido, fundamental para a compreensão das relações afetivas na atualidade e no qual lançou o conceito de "liquidez". Bauman alertou que, em nossa sociedade líquida, a ausência de sentido de solidez e estabilidade é agravada pela globalização, pela internet e pelo consumismo, e o ser humano se tornou mais autônomo, mas passou a conviver com incertezas e ansiedade. 

Estranhos à nossa porta (Zahar, 120 páginas, tradução de Carlos Alberto Medeiros), obra de Bauman lançada há poucos dias no Brasil, trata de uma questão crucial: a dos refugiados e imigrantes em várias partes do mundo, especialmente na Europa. Para o pensador, vivemos uma crise humanitária, e a única saída é rejeitar as tentações traiçoeiras da separação e reconhecer nossa crescente interdependência como espécie. Para o pensador, é preciso encontrar novas formas de convivência em solidariedade e cooperação com aqueles que podem ter opiniões ou preferências diferentes. 

Diante do crescimento de ações reacionárias, não só no continente europeu como no resto do planeta e da construção de muros, Bauman propõe uma reflexão atual e necessária. Para ele, é preciso construir pontes em vez de muros. É preciso lidar com a "crise migratória", que gera um pânico mundial e moral. Para o pensador, a política de separação é equivocada e, se pode trazer algum alívio temporário, nos isolando dos estranhos e das irritantes diferenças, a longo prazo se destina ao fracasso. Em sua obra, o filósofo analisa as origens, os contornos e o impacto desse pânico moral e disseca o pavor provocado pelas migrações e o processo de desumanização dos recém-chegados, além de mostrar como os políticos exploram os temores e as ansiedades que as migrações provocam. 

Para Bauman, os problemas gerados pela "crise migratória" atual e exacerbados pelo pânico que o tema provoca pertencem à categoria dos mais complexos e controversos: neles, o imperativo categórico da moral entra em confronto direto com o medo do "grande desconhecido" simbolizado pelas massas de estranhos à nossa porta. Como se vê, uma obra importante para entender um dos maiores problemas da atualidade. Bauman encanta com um estilo marcado pelo entrelaçamento de conceitos da filosofia e da sociologia, dialogando com a literatura, com a mídia e até com as redes sociais. 

Desde o início dos tempos, pessoas batem às portas de outras, fugindo da guerra, da violência ou da fome. Hoje, o encontro dos locais com os hóspedes indesejados é bem mais complicado. lançamentos Lições de Geometria Fantástica (Penalux, 188 páginas), do médico e poeta José Eduardo Degrazia, traz mais de 90 poemas onde a racionalidade se imbrica com a emoção. Poemas experimentais, lúdicos e conceituais estão na primeira parte e com inquietações estéticas, existenciais e políticas estão na segunda parte. 

A Teoria das Formas de Governo (Edipro, 208 páginas, tradução de Luiz Sérgio Henriques), do genial professor e pensador italiano Norberto Bobbio, une política e direito e discute o tema de forma rica, abordando pensadores clássicos como Platão, Maquiavel, Hobbes, Montesquieu, Hegel e Marx. É das obras mais importantes do Mestre. Press - Santa Catarina (edição 03, revista editada por Julio Ribeiro), apresenta o melhor de Santa Catarina, da serra à praia, que receberá nove milhões de turistas. 

Turismo, economia, Bombinhas, Camboriú, Florianópolis e outros temas estão na publicação, que traz entrevista com o empresário Luciano Hang, da Havan. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/02/colunas/livros/547074-precisamos-de-pontes-nao-de-muros.html)

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