16 de fevereiro de 2017 | N° 18770
DAVID COIMBRA
A vitória das mulheres
Há quem embrabeça quando Trump fala em “terrorismo islâmico”. Preconceito religioso, reclamam. Também discordo de quase tudo que Trump fala, mas, neste caso, ele está sendo mais específico do que preconceituoso. Trump se refere ao terror praticado pelos jihadistas, sejam eles do Estado Islâmico, da Al-Qaeda ou de quaisquer outras correntes. Esses terroristas são todos muçulmanos, embora, óbvio, nem todos os muçulmanos sejam terroristas.
Muitos dizem que o que se dá hoje ainda é reflexo das Cruzadas. Bobagem. Não apenas porque as Cruzadas são guerras antigas de mil anos, mas porque esta não é uma luta de religiões.
Não. É a primeva luta do masculino contra o feminino. Esse, e não o sentido da vida, é o grande dilema da humanidade, desde que a civilização foi instituída, 10 mil anos atrás.
Agora entenda: o gênero humano tem entre 2 milhões e 3 milhões de anos, alguns cientistas acreditam que possa remontar a 6 milhões de anos. A nossa espécie, a única que restou dentre tantas, como o grande neandertal e o pequeno piteco, ocupa a Terra há 200 mil ou 300 mil anos, com chance de se esticar a 500 mil anos de antiguidade.
Mas o nosso atual meio de vida, a civilização, tem só 10 mil anos.
É pouco tempo. Tão pouco, que não se pode dizer que tal estilo de viver tenha dado certo.
Foi a fêmea do sapiens que inventou essa moda. Antes, o mundo era masculino. Os humanos eram nômades. Caçavam, coletavam e não trabalhavam. Quer dizer: não produziam nada, exceto utensílios de uso pessoal e roupas precárias como as que uso para fazer o Timeline.
Assim foi por milhões de anos, mas as fêmeas não estavam satisfeitas. Não podiam estar: elas é que tinham de parir e cuidar dos filhotes, e é muito difícil fazer isso estando sempre em movimento.
Então, elas, as fêmeas do sapiens, inventaram primeiro a domesticação de animais e depois a agricultura. Com isso, inventaram também o trabalho e a civilização, extinguiram as demais espécies e deram emprego aos psicanalistas.
O primeiro deles, Freud, aliás, já identificou que o homem passa a vida reagindo contra a civilização. A selvageria masculina se manifesta na violência ou no crime ou na guerra ou no trânsito ou nos esportes ou na arte ou na ciência. Cada pincelada de Picasso e cada cinzelada de Michelângelo foram sublimações da selvageria, cada grito de Hitler e cada facada de Jack, o Estripador, foram manifestações da selvageria. Não é por acaso que grandes gênios e grandes assassinos em série são, na maioria, homens. Não é por acaso que, em todo o mundo, 90% da população carcerária é masculina. Não é por acaso que 90% dos acidentes de trânsito com morte são causados por homens.
São os efeitos do mal-estar na civilização. Pois o Ocidente, muitíssimo mais civilizado, é, por isso mesmo, muitíssimo mais feminino. O estilo de vida dos antigos muçulmanos, nômades por excelência, é muitíssimo mais masculino.
Inúmeros desses jovens que ingressam no Estado Islâmico o fazem sem consistência ideológica. Nunca foram ao Oriente Médio, suas convicções religiosas são vagas, suas ideias são confusas. Por que, então, tomam essa decisão desatinada? Por instinto. Por revolta com a pressão civilizatória do mundo feminino. É o desabafo da barbárie.
As novas feministas estão certas. A civilização só é possível com a eliminação de todos os valores masculinos e, melhor ainda, de todos os homens. Infelizmente, para a civilização, elas ainda precisam de nós para a continuação da espécie. Mas isso é questão de tempo. No futuro, haverá apenas dois tipos de homens: aqueles que, como bois castrados, estarão completamente efeminados e viverão em volta delas para distraí-las, feito poodles, e os que serão mantidos em cativeiro, reservados para as tarefas de reprodução, feito touros. Já há exemplares de uns e outros por aí. Olhe à sua volta e perceba a evolução. Elas vencerão.
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