quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017



01 de fevereiro de 2017 | N° 18757
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira

PONTOS DE INTERROGAÇÃO

Com um discurso moderado na posse como presidente da Assembleia, o deputado Edegar Pretto (PT) terá de administrar, a partir de hoje, o conflito entre a pressão de seus aliados de esquerda e a direção de uma casa plural, com maioria alinhada a um governo de inspiração mais liberal. Pretto lembrou que o comando é colegiado e reafirmou que vai respeitar a democracia e o regimento interno, mas quem acompanha as sessões do Legislativo sabe que a postura do presidente faz toda a diferença na votação de projetos polêmicos.

Uma amostra da tensão latente nessas relações pôde ser vista já na citação das autoridades presentes. O governador José Ivo Sartori e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, foram vaiados pelas galerias lotadas de pequenos agricultores e simpatizantes do PT e do MST. Foi um ato de deselegância, que em nada contribui para distensionar as relações.

A Mesa pluripartidária é fruto de um acordo que teve o PMDB na presidência em 2015, com Edson Brum, e o PP em 2016, com Silvana Covatti. Para demonstrar seu apreço à forma democrática como a chapa foi construída, Silvana fez questão de registrar seu voto. No ano passado, quando foi eleita, somente Pedro Ruas (PSOL) votou contra.

Desta vez, o único voto contrário veio de Marcel van Hattem (PP), suplente que está no exercício do mandato porque seu partido tem dois deputados no secretariado. O PP tentou convencê-lo a votar sim, lembrando que Frederico Antunes é o 2º vice, mas foi inútil. Ele diz que a bancada entendeu sua posição de votar contra um petista na presidência, mas os colegas dizem que não foi bem assim. Antunes, João Fischer e Sérgio Turra pediram que, pelo menos, se abstivesse, para não constranger a bancada, mas o deputado não cedeu.

A presença de Antunes na Mesa é considerada estratégica para conter eventuais excessos de Pretto. O grande ponto de interrogação é: como se comportará o novo presidente se, em votações polêmicas, sindicalistas tentarem invadir o plenário? Pretto diz que vai dialogar e que não pretende, por exemplo, fechar as portas como fizeram Brum e Silvana. Outra dúvida: como se dará a divisão de espaços nas galerias da Assembleia? O presidente responde que o colegiado definirá os critérios para a distribuição de senhas.

Pretto é o terceiro deputado do PT a assumir a presidência. Antes dele, Ivar Pavan foi presidente quando Yeda Crusius (PSDB) era governadora e Adão Villaverde comandou a casa com Tarso Genro (PT) no Piratini.

ALIÁS
Na Praça da Matriz, a comemoração da posse de Edegar Pretto teve clima de comício, com música e cantoria. O deputado usou um chapéu de palha para reafirmar sua origem de homem da roça e reforçar o compromisso com a agricultura familiar.

OTOMAR VIVIAN VOLTA AO COMANDO DO IPE
Presidente do Instituto de Previdência do Estado (IPE) nos governos de Antônio Britto, Germano Rigotto e Yeda Crusius, Otomar Vivian voltará a ocupar o cargo por indicação do Partido Progressista (PP), aceita pelo governador José Ivo Sartori.

O ex-prefeito de Caçapava é amigo de Sartori. Os dois foram colegas na Assembleia Legislativa.

Vivian substituirá José Alfredo Parode, que assumirá a Secretaria de Planejamento de Porto Alegre.

DIRETORIA QUALIFICADA
Selecionados a partir do Banco de Talentos criado pelo prefeito Nelson Marchezan, os novos diretores da Carris foram empossados ontem, na sede da companhia. A qualidade técnica dos escolhidos foi ressaltada pelo prefeito durante a apresentação dos nomes.

O novo presidente, Luis Fernando Ferreira, é economista e tem MBA em Cleveland (EUA). Já foi diretor de multinacionais de médio e grande portes. O diretor técnico Flávio Caldasso Barbosa é engenheiro e mestre em Planejamento de Transporte e Engenharia de Tráfego. A procuradora-geral da Carris, Jaqueline Simões, é formada em Direito Privado na Universidade Panthéon-Assas, em Paris.

MIOLA RECUSA CARGO
Convidado pelo prefeito Nelson Marchezan para ser o secretário da Transparência, o conselheiro Cezar Miola, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), disse não.

O convite indica que Marchezan não está de brincadeira quando diz que procura para essa secretaria uma pessoa independente e qualificada.

A recusa faz sentido. Miola é conselheiro com origem no Ministério Público de Contas. Não teria como se licenciar para assumir uma secretaria municipal ou estadual.

OS MAIS DE 300 OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSÃO DA GESTÃO DE JOSÉ FORTUNATI EXONERADOS AO LONGO DO MÊS DE JANEIRO AINDA NÃO VIRAM A COR DO DINHEIRO DAS RESCISÕES. A PREFEITURA DIZ QUE AGUARDA O CÁLCULO DA EFETIVIDADE E A DECLARAÇÃO DE BENS DOS DEMITIDOS PARA PAGAR OS VALORES DEVIDOS.

MIRANTE
-O deputado Pedro Ruas (PSOL) foi um dos sete ausentes na sessão de posse da nova mesa diretora da Assembleia. Ruas estava no hospital, acompanhando o pai, o jornalista Isnar Ruas, que sofreu um AVC.

-Nasce em março o terceiro filho do deputado Edegar Pretto e de sua mulher, Alyne Tiska. O bebê vai se chamar Ângelo.

-Correção: o pagamento do salário dos servidores do Executivo será concluído até 10 de fevereiro, e não de janeiro como publicado na edição de ontem.

NA PLATEIA
A posse de Edegar Pretto na presidência da Assembleia teve a presença do governador José Ivo Sartori, do vice, José Paulo Cairoli, e de três ex-governadores: Jair Soares, do PP, Olívio Dutra e Tarso Genro, companheiros do PT, além do ex-ministro Miguel Rossetto.

Olívio, que foi à posse acompanhado da mulher, Judite, é um dos 70 conselheiros do mandato de Pretto e seu principal guru depois da morte do pai, Adão Pretto.

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