15 de fevereiro de 2017 | N° 18769
EDITORIAIS
A DESCONFIANÇA VAI PARA A RUA
A turbulência em torno da Operação Lava-Jato acordou os movimentos que apoiaram o im-peachment de Dilma Rousseff e que já estão convocando manifestação nacional para o próximo mês, com o propósito de defender a investigação e protestar contra a blindagem de políticos. Lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre) e do Vem Pra Rua anunciaram nesta semana que haverá uma mobilização conjunta em apoio às reformas implementadas pelo governo Temer, mas com críticas às manobras políticas destinadas a proteger integrantes da administração e parlamentares citados nas delações.
Os fatos causadores da inquietação incluem a recente promoção de Moreira Franco a ministro, com direito a foro privilegiado e desde ontem com a chancela de um ministro do STF, a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo, articulações parlamentares para anistiar o caixa 2 e as mudanças na Polícia Federal, que precedem a nomeação do novo ministro da Justiça.
As lideranças dos movimentos de rua fazem questão de dizer que a bandeira da convocação não é o “Fora Temer”, pois as reformas estruturais e o esforço pela recuperação econômica dão crédito ao atual governo, mas advertem que aparentes avanços não podem servir de pretexto para a impunidade dos políticos e dos demais responsáveis pela corrupção.
São reflexões sensatas, que certamente interpretam o pensamento da maioria da população. Ainda que a Operação Lava-Jato possa ser questionada em alguns aspectos, entre os quais o alongamento de prisões preventivas de suspeitos até a obtenção da delação premiada, é inquestionável a sua eficiência e o seu efeito moralizador, pelo que conta com amplo apoio popular. O governo e o Congresso já deveriam ter entendido que qualquer tentativa de abafar a investigação será interpretada como boicote ao país.
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