segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017


06 de fevereiro de 2017 | N° 18761 
EDITORIAIS

CRESCIMENTO COM ÉTICA

Com a eleição de aliados para a presidência nas duas casas legislativas e a oposição parlamentar visivelmente fracionada, o governo Temer reúne neste segundo mês do ano as melhores condições políticas para implementar reformas estruturais necessárias à superação da crise e ao crescimento sustentável. 

O próprio mercado já percebeu esta calmaria, como comprovam a recuperação da bolsa, a queda do dólar e a perspectiva crescente de controle da inflação. Neste contexto, o Planalto deve anunciar nesta semana a ampliação de crédito para o programa Minha Casa Minha Vida e para outros empreendimentos imobiliários, consciente de que esse setor costuma ser um indutor da geração de empregos.

Há, porém, uma nuvem escura no horizonte da pacificação política: a continuidade da Operação Lava-Jato. É inequívoco que os brasileiros querem a reforma que devolverá solidez à Previdência, assim como o crescimento econômico e a urgente geração de novos postos de trabalho. Mas a sociedade não abre mão da depuração ética representada pela punição dos responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da história do país.

É ilusório pensar que o abraço entre políticos adversários num momento de comoção emocional, como ocorreu recentemente entre Michel Temer, Fernando Henrique e Lula, tem abrangência para garantir harmonia política no enfrentamento dos grandes problemas nacionais. Na verdade, o único ponto em comum entre as principais forças políticas do país, representadas pelos partidos de maior expressão, é o desejo inconfesso de esvaziamento da Lava-Jato, que atinge igualmente governistas e oposicionistas. Mas, depois de verem corruptos e corruptores poderosos encarcerados, os brasileiros não aceitam mais retrocessos éticos. Exigem, porque têm direito a isso, um país próspero, igualitário e com justiça social.

A MORTE DA PROFESSORA

Além de se constituir em dor incomensurável para familiares, amigos, colegas de escola e alunos, a morte brutal da professora Maria Francisca Elias, causada por bala perdida num tiroteio entre criminosos e policiais no último sábado, em Gravataí, evidencia mais uma vez que homicídios e execuções não ocorrem apenas entre delinquentes. Os cidadãos inocentes são, sim, as maiores vítimas do descalabro na segurança pública no Estado e no país.

Ainda que a indignação leve as pessoas a também “atirar” acusações para todos os lados, responsabilizando autoridades e políticos, a verdade é que existem culpados pelo absurdo, que precisam ser identificados e punidos. Não é possível que cidadãos comuns não possam passear numa tarde de sábado sem correr risco de vida.

Evidentemente, os principais causadores da barbárie que vitimou Tia Chica são os delinquentes, que cometem todo tipo de atrocidades e raramente são punidos como merecem, devido às conhecidas deficiências do sistema judiciário/prisional brasileiro. Ainda assim, também é importante conferir a atuação dos policiais envolvidos na operação, que, além da coragem e da presteza que demonstraram no atendimento da ocorrência, precisam ter também a perícia exigida para a profissão. 

Mais do que apontar o responsável pelo tiro fatal, a investigação do episódio da Morada do Vale deve ser direcionada para procedimentos preventivos a serem adotados em outros casos semelhantes, sempre no sentido de aumentar a proteção da população.

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