
EM FOCO
Quarta edição do South Summit fecha com marcas simbólicas que vão além do aumento na participação de empresas, startups e fundos de investimentos. Ecossistema de inovação gaúcho dá sinais de que "está forte e olhando para frente"
Demonstração de maturidade e resiliência
Quando a água do Guaíba superou os cinco metros de altura nas paredes históricas do Cais Mauá, em maio de 2024, poucos imaginavam rever o mesmo cartão-postal tão pujante menos de um ano depois. Com a mesma força de reconstrução que mobilizou o RS desde então, o ecossistema de inovação gaúcho também se mostrou resiliente, consagrando espaço e relevância na edição do South Summit Brazil 2025, encerrada na sexta-feira, em Porto Alegre.
Unânime entre os diversos atores, a palavra que fica é de um amadurecimento. De Porto Alegre em si para a realização de eventos de grande porte, do ambiente inovador que se consagra no RS e do próprio South Summit, uma marca global.
- É uma edição que mostra para o Brasil e para o mundo um ecossistema que está de pé, forte e olhando para frente. A edição do ano passado já havia sido muito madura, mas esta nos consolida realmente como um grande evento para quem quer fazer negócios no entorno da inovação e da tecnologia - resume Wagner Lopes, country manager do South Summit, cargo semelhante ao de CEO da edição brasileira.
"Profissionalização" das conexões
O amadurecimento da edição se reflete em uma "profissionalização" das conexões. Para a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Simone Stülp, trouxe outra lógica para os negócios.
- Tenho sentido a força dos investidores presentes no evento, na conexão com as empresas e as startups. Isso é muito bom, quando falamos em ativação econômica ou em Rio Grande do Sul do futuro. São os investidores entendendo muito bem a lógica do evento e são as startups melhor preparadas para essa interlocução. Isso é tudo o que sempre sonhamos para que pudéssemos enxergar o mundo e o mundo pudesse nos enxergar - destacou a secretária.
Nesta perspectiva, o resultado das edições comprova que o South Summit é, acima de tudo, um projeto de impacto e de desenvolvimento para o Estado, acrescenta Lopes:
- Quando trouxemos o South Summit lá em 2022, esse era o objetivo, trazer uma marca global que pudesse acelerar o desenvolvimento do nosso ecossistema e causar impacto. Passadas três edições e agora, ao final da quarta, começamos a sentir um pouco mais disso. Há o impacto direto na economia, mas há também o impacto de o evento ser percebido, tanto em reputação quanto em imagem de Porto Alegre como local inovador.
Mais do que a vibração nos armazéns do Cais Mauá, o impacto está no "extramuros", com efeitos na economia, na hotelaria, na gastronomia e em uma série de outros serviços. Muitas ativações com o público foram realizadas durante os três dias de evento, como uma espécie de vitrine para marcas locais não necessariamente relacionadas à inovação. Conforme a organização, 95% da produção do evento se abastece de fornecedores locais, o que também traz efeitos econômicos diretos.
Mudança cultural
Outro ponto citado como legado das edições do South Summit diz respeito a uma mudança cultural. Conforme os organizadores, a abordagem mais incisiva do tema nos últimos quatro anos, por ocasião do evento, faz com que a inovação esteja mais presente no cotidiano. Na prática, isso representa mais empresas se voltando ao assunto e mais jovens sendo formados com o despertar das oportunidades em inovação.
Na edição de 2025, um dado que simbolizou essa mudança foi a maior participação de startups. Foram mais de 2,1 mil empresas nascentes inscritas este ano.
- Vejo que a inovação hoje está muito disseminada. Isso torna o ecossistema mais maduro e faz, claro, com que a gente tenha abrangência ainda maior de startups já em fase de tração - diz Rodrigo Cavalheiro, presidente da Associação Gaúcha de Startups (AGS) e um dos "líderes locais" do South Summit.
Espraiamento
O efeito não fica restrito à Grande Porto Alegre, onde importantes centros de inovação como Instituto Caldeira, Tecnopuc e outros parques tecnológicos já estão consolidados. O movimento incentiva que novos hubs se instalem em cidades do Interior. Cavalheiro cita Alegrete, Santana do Livramento e Uruguaiana como novos polos em fomento.
Objetivo do South Summit, os negócios sinalizados pela presença de investidores e fundos de investimentos ampliaram espaço em 2025. E mudaram a abordagem.
- A busca hoje não é por startups unicórnios, aquelas que rapidamente estão valendo um bilhão de dólares, mas por aquelas que crescem de forma resiliente. São as "cabras da montanha", como a gente chama, que caem, mas sobem de novo - diz Cavalheiro.
Mesmo que as grandes cifras não cheguem a todas as empresas nascentes, a possibilidade de escalonar faz com que muitas ideias saiam do âmbito acadêmico e inaugurem um perfil de nova economia, aponta o secretário de Inovação de Porto Alegre e coordenador do Pacto pela Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto da Silva:
- Tem as startups que atraem grandes fundos, mas tem também aquelas que são importantes por serem de impacto. Não necessariamente são atrativas para um fundo, mas são uma maneira de criar emprego, de trazer negócios tradicionais para a nova economia e de abrir horizontes - destaca Silva. _
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